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“O período de ajuste está concluído e vamos colher aquilo que plantamos”

Em entrevista exclusiva ao Diário dos Campos, o governador Beto Richa faz um balanço do ano e projeta crescimento em 2016

Arquivo DC
Beto: “O Paraná não está imune aos efeitos da crise nacional. Como estado da federação, estamos no meio da tormenta”

 

Em um ano, Beto Richa (PSDB) teve seu segundo mandato iniciando com um ajuste fiscal questionado, greve de servidores, episódios de violência contra o funcionalismo em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). No fim do ano, no entanto, termina com o Estado se confirmando como a quarta economia do país, o segundo mais competitivo e uma projeção de investimentos de R$ 8 bilhões para o ano que vem.

Em entrevista exclusiva ao Diário dos Campos, o governador do Paraná afirma que o Paraná não está livre desta tempestade política e econômica, mas Paraná termina 2015 em situação bastante promissora. ““O período de ajuste está concluído e vamos colher aquilo que planos”, assegura. Confira trechos da entrevista:

Balanço do primeiro ano de segundo mandato

“Um ano atípico, que teve como pano de fundo uma crise política, econômica e moral no cenário nacional. Começamos o ano com desequilíbrio nas contas estaduais. A arrecadação – não só do Paraná, como dos demais estados, dos municípios e da União – despencou já a partir do segundo semestre de 2014, ano que teve crescimento econômico zero. É muito importante lembrar que os problemas do País não começaram neste ano, mas em 2014, afetando gravemente as finanças públicas. Fizemos o ajuste fiscal, doloroso, é verdade, e terminamos 2015 com uma situação inteiramente diferente no Estado. As contas estão sendo colocadas em dia e o Estado está operando no azul.”

Ajuste fiscal

“Foi compreensível a reação ao ajuste. Tivemos de aumentar algumas alíquotas de impostos e equalizar algumas delas aos percentuais que já eram cobrados em outros estados, como foi o caso do IPVA. Agora, o IPVA cobrado no Paraná é praticamente o mesmo de outros estados. Também reduzimos as despesas do governo, extinguindo mais de mil cargos, eliminando quatro secretarias e cortando gastos de custeio. Tanto isso é verdade que registramos redução real de 9% nas despesas correntes em 2015. Fomos o primeiro estado a ajustar as contas. O governo federal não conseguiu fazer seu próprio ajuste fiscal e o País caminha à beira do abismo. Outros estados estão fazendo o ajuste agora, mas em condições mais draconianas. Em 2016 nós vamos colher aquilo que plantamos neste ano. Ou seja, vamos investir, e investir pesado. Quase R$ 8 bilhões em investimentos previstos no orçamento do Estado, incluindo os aportes que serão feitos pelas empresas públicas estaduais. Cerca de R$ 3 bilhões só em infraestrutura. Isso representa mais de 10% do orçamento. Há muitas décadas o Estado do Paraná não fazia este investimento proporcional ao orçamento. Além disso, é de se lembrar que já temos resultados consistentes do ajuste. Hoje, a situação do Estado é bem diversa daquela do primeiro semestre de 2015.”

Acontecimentos na Alep em abril

“Com o passar do tempo é possível analisar o episódio de forma mais fria, mais racional. Precisamos admitir que houve uma reação desproporcional às manifestações. Mas está bem claro, agora, que o movimento foi organizado e manipulado politicamente para causar danos à nossa imagem, para nos desgastar politicamente. As medidas eram corretas, eram necessárias, por isso decidi arcar pessoalmente com as consequências, pois tinha convicção de que estava fazendo a coisa certa. O Fundo de Previdência do Estado tem sua sustentabilidade atuarial assegurada, o Estado está pagando as suas pendências e os investimentos serão expandidos. Veja o que está acontecendo em outros estados neste final de ano: alguns governos estão parcelando o 13º, outros já parcelam até os salários do funcionalismo. Há até governos autorizando os servidores a fazerem empréstimos consignados em banco com a promessa de que vão pagar os juros. No Paraná nós antecipamos o 13º, pago no dia 10 de dezembro, e em janeiro vamos repor os índices de inflação aos salários do funcionalismo. É importante que as pessoas reflitam a respeito.”

Investimentos para os Campos Gerais em 2016

“Há vários investimentos previstos em saúde, segurança e infraestrutura, mas por questões operacionais e técnicas de execução orçamentária não há como detalhar ou antecipar isso. Ainda nestes dias entregamos as chaves de 1.127 casas para famílias beneficiadas pelo programa de habitação feito em parceria com a prefeitura e a Caixa Econômica Federal. No mesmo dia anunciamos a obra do Parque das Olarias, que era esperada havia muitos anos pela população. E posso garantir que o funcionamento do IML será normalizado com a contratação por concurso de novos médicos”.

Competitividade no Paraná

“O Paraná recebeu mais de R$ 40 bilhões em investimentos nos últimos cinco anos e os Campos Gerais foram a região mais privilegiada com esses aportes. Muitas empresas se instalaram em Ponta Grossa e municípios próximos, criando milhares de novos empregos. E a Klabin está realizando em Ortigueira o maior investimento privado da história do Estado. Em todo o Paraná foram mais de 180 mil novos postos de trabalho. Isso tudo não caiu do céu. Houve um trabalho exaustivo de abertura do diálogo com a iniciativa privada, que praticamente havia excluído o nosso Estado do mapa do capital produtivo. O Paraná termina o ano como o segundo estado mais competitivo do País, segundo o ranking do grupo britânico The Economist, e como o segundo estado com menor taxa de desemprego, conforme a PNAD, e o segundo com o menor índice de desigualdade social. E talvez aquilo que considero o mais importante: estamos interiorizando, descentralizando o desenvolvimento econômico, como ficou demonstrado na pesquisa IBGE/Ipardes. Os municípios do interior ampliaram sua participação na economia paranaense. Vamos continuar este esforço de atração do capital. O trabalho segue em frente, priorizando a agronegócio e toda sua cadeia produtiva, que nos deu este ano a maior safra de grãos da história do Estado, e o programa de industrialização.”

Relação com o Governo Federal

“O relacionamento é frio, infelizmente. Sou um homem do diálogo, acho que esta é uma marca registrada do nosso governo e que eu imprimi à minha trajetória na vida pública. Tentei de muitas formas uma aproximação com Brasília, mas não teve jeito. Não há como prever como serão os repasses federais ao Estado, pois a arrecadação da União está despencando por causa da crise, da recessão provocada pela desastrosa política econômica do governo federal. Os municípios paranaenses amargaram neste ano uma queda de uns 8% nos repasses federais para as prefeituras. E, este furo, em parte, foi compensado pelo aumento real dos repasses estaduais aos municípios. Além disso, temos que esperar o desfecho da crise. E eu espero que o desfecho seja rápido para que o País possa retomar o crescimento econômico. Como está não pode ficar, sob o risco de o Brasil sofrer um grave retrocesso, pondo a perder os avanços sociais conquistados nas últimas décadas e que foram obtidos com muito esforço.”

Expectativas para 2016

“O Paraná não está imune aos efeitos da crise nacional. Como estado da federação, estamos no meio da tormenta. Mas, o Estado fará os investimentos previstos, modernizando a sua infraestrutura de transporte e logística e melhorando a qualidade dos serviços públicos prestados em educação, saúde, segurança, habitação. A Copel e a Sanepar farão investimentos significativos em 2016, contribuindo para qualificar e ampliar ainda mais a cobertura de energia e de saneamento. Fechamos o ano autorizando a contratação de 2.895 policiais (2.222 policiais militares, 609 bombeiros e 64 delegados) e vamos continuar investindo forte no combate ao crime. O índice de homicídios dolosos neste ano caiu 30% em relação a 2010 e vai cair mais. Então, depois de um 2015 marcado por dificuldades, acredito que os paranaenses, e os ponta-grossenses em particular, podem esperar muito trabalho e muitas realizações da nossa gestão em 2016.”

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