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Mais de 100 tipos de vacinas estão em fase de testes no mundo, sete delas no Brasil

Foto: O mundo todo conta com 287 vacinas contra a covid-19 que estão em fase de desenvolvimento. (Arquivo/DC)

O mundo todo conta com 287 vacinas contra a covid-19 que estão em fase de desenvolvimento e, destas, 102 já chegaram na fase dos testes clínicos e 14 tipos já estão sendo utilizados na imunização de pessoas em diversos países. No Brasil, além das vacinas já conhecidas que vêm sendo utilizadas desde o início do ano, como é o caso da Coronavac, Astrazeneca e Pfizer, existem outras sete que estão em fase de negociações e testes em laboratórios.

As substâncias, que são preparadas a partir do vírus inativado, modificado ou de apenas uma parte, têm a função de produzir anticorpos e células imunes contra o SARS-CoV-2, vírus causador da covid-19. No entanto, o princípio de desenvolvimento de cada vacina possui particularidades e diferenças, à exemplo do princípio ativo e dos intervalos de aplicação das doses.

Em entrevista ao Diário dos Campos, a doutora em Ciências Farmacêuticas, Elisangela Gueiber Montes, professora dos cursos de Farmácia e Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e especialista em Microbiologia e Imunologia, apresentou as diferenças de cada uma das vacinas que já foram aprovadas e que estão sendo utilizadas na população brasileira, além das outras que estão em vias de serem aprovadas.

Segundo ela, algumas destas vacinas utilizam o princípio dos Vetores Virais, como é o caso da Astrazeneca e Sputnik, aplicadas em duas doses, e da Janssen de dose única. “Nesse caso, uma parte do material genético do SARS-CoV-2, responsável por produzir uma das principais proteínas desse vírus, a proteína S, é introduzido em um adenovírus, que é um dos causadores de resfriado em humanos ou em animais, como os chimpanzés. Esse adenovírus é manipulado em laboratório, de forma a desativar seus principais genes, para que não sejam mais capazes de se replicar e não exista nenhum risco de desencadear doença”, explica.

Outras vacinas, de acordo com a pesquisadora, utilizam em seu desenvolvimento o vírus inativado, como é o caso da Coronavac, primeiro imunizante aprovado pela Anvisa em caráter emergencial. Elisangela explica que a principal metodologia do imunizante é utilizar o calor ou substâncias químicas para inativar o SARS-CoV-2, tornando o vírus inteiro morto, evitando que o mesmo cause infecção ou replique dentro do organismo.  

“Mesmo inativo, quando aplicado através de uma vacina, ele é reconhecido pelo sistema imune, que cria uma resposta protetora. É uma metodologia de grande confiabilidade, utilizada há bastante tempo em outras vacinas para combater outras doenças como gripe, pneumonia e meningite”.

Outros imunizantes utilizam parte do RNA mensageiro do vírus responsável pela síntese da proteína S, citada no começo da reportagem. A especialista explica que esse material é recoberto por nanopartículas lipídicas e utilizado na vacina. Após a aplicação, as células humanas acabam por fabricar a proteína S, desencadeando a produção de células de defesa e anticorpos contra o vírus causador da covid-19.

“Tanto as empresas Pfizer/BioNtech, quanto a Moderna, utilizaram essa técnica em suas vacinas. Apesar desse método parecer novo, o mesmo começou a ser desenvolvido nos anos 1990, e teve grandes avanços nos últimos 15 anos, com descobertas que o tornaram, pouco a pouco, mais seguro e eficiente”, disse a pesquisadora.

Outras vacinas já liberadas para utilização em alguns países se baseiam em um princípio chamado de Subunidade Proteica, como é o caso da norte americana Novavax. “Nesse tipo de imunizante, são utilizadas algumas das principais proteínas do SARS-CoV-2, como a proteína S, que são adicionadas às substâncias estimulantes de resposta imune, levando ao desenvolvimento de imunidade a qualquer vírus que apresente em sua estrutura tais proteínas”.

A doutora em Ciências Farmacêuticas reforça ainda que cada vacina foi testada para ser aplicada com um número de doses e intervalo de tempo específico. “Dessa forma, faz-se necessário respeitar essas obrigatoriedades de cada uma delas para atingir sua eficácia. No caso do não retorno para o recebimento da segunda dose, pode ter um comprometimento da resposta esperada, tornando o indivíduo suscetível às formas graves da doença.

Confira as vacinas que estão sendo desenvolvidas ou em testes no BR

O Brasil faz uso de três imunizantes já bastante conhecidos pela população como é o caso das vacinas Coronavac, Astrazeneca e Pfizer. No entanto, outros tipos de imunizantes já utilizados em diferentes países estão em fase de negociações para a distribuição de doses ou para os testes clínicos que devem ser aprovados pela Anvisa. Existem ainda, vacinas de tecnologias brasileiras que estão sendo desenvolvidas pelo Instituto Butantan e Universidade de São Paulo.

Um dos imunizantes brasileiros é a Butanvac, produzida pelo instituto Butantan, produzida a partir do vírus Newcastle, causador de gripe em aves. “Apesar de um risco mínimo de causar doença em humanos, ainda assim o vírus é inativado, impedindo qualquer possibilidade de replicação. No caso dessa última tecnologia citada, futuramente poder ser possível utilizar a mesma para a imunização sazonal contra gripe e Covid-19 em um único imunizante, mas há necessidade de estudos e pesquisas para chegar a tal possibilidade”, explicou a pesquisadora Elisangela Gueiber.

Ainda nesta semana, a Anvisa autorizou a pesquisa clínica da Butanvac. Com isso, os testes com a vacina em humanos poderão ter início no Brasil. Outra vacina brasileira que está em fase de teste é a Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.

A Anvisa também reuniu-se na última semana com os representantes dos estados autorizados a importar a vacina russa Sputnik V para esclarecer e discutir os aspectos necessários para a importação e o uso dos primeiros lotes autorizados da vacina. Um dos requisitos é a assinatura do Termo de Compromisso que trata das condições estabelecidas pela Agência para a importação e o uso da vacina. Uma das principais necessidades é o delineamento do estudo de efetividade e do monitoramento, também conhecido como estudo da vida real, que deve ser acordado entre a Anvisa e os governos estaduais.

Também foi autorizada a importação de 4 milhões de doses da vacina de origem indiana Covaxin. As doses devem ser aplicadas sob condições estritas, que incluem análise laboratorial pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e novos testes de efetividade.

Seguem ainda em fase de negociação para utilização no Brasil as vacinas chinesas Cansino e Sinopharm que já foram aprovadas em cinco países. O Ministério da Saúde também anunciou na última semana que está prestes a comprar 100 milhões de doses da vacina da Moderna.

Paraná

Trazendo para mais próximo dos paranaenses, o Estado será contemplado com as vacinas da Janssen, fabricada pelo braço farmacêutico da Johnson & Johnson, que chegaram recentemente no Brasil. O objetivo será avançar na imunização contra a covid-19 do quadro prioritário, com destinação das doses para um novo segmento.

Os imunizantes integram o primeiro lote com 3 milhões de doses disponibilizado ao País pela farmacêutica norte-americana e têm prazo de validade até 27 de junho, por isso a necessidade de distribuição e aplicação rápidas.

No total, o Brasil firmou acordo com a Janssen para receber de 38 milhões de doses, com envios previstos para o 3º e 4º trimestres. Diferentemente de outros laboratórios, contudo, para garantir a imunização completa a vacina requer a aplicação de apenas uma dose – os outros três imunizantes contra o coronavírus aplicados atualmente no País (Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac) requerem duas doses.

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