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‘Inflação da guerra’: Carros, eletrodomésticos e construções vão ficar mais caros

Maior siderúrgica do Brasil e da América Latina, CSN já anunciou alta de 20% no preço do aço a partir de abril

Aço é utilizado na produção de eletrodomésticos e setores automotivo, de construção e de embalagens, por exemplo (Foto: Arquivo DC)

Desde a explosão da pandemia a economia mundial sofreu com a inflação, que quando vinha apresentando sinais de melhora voltou a se agravar com o conflito bélico no Leste Europeu – e agora a tendência é de uma nova e talvez ainda maior alta generalizada de preços com a chamada inflação da guerra. 

Alguns desses efeitos já foram sentidos no Brasil, como nos alimentos e nos combustíveis, estes que por sua vez impactam em toda a cadeia devido ao frete rodoviário. Agora, outros itens que devem se destacar em termos de aumento de preços são eletrodomésticos, carros e construções, e todos os outros produtos que levam aço na sua base de produção.

O motivo é uma alta nos preços do setor que, por exemplo, já anunciou um incremento de 20% a partir de abril no preço do metal vendido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a maior empresa do Brasil e da América Latina do setor, e que fornece aço para a fabricação de bens duráveis como os citados acima. 

A justificativa da CSN é que este reajuste é uma retirada dos descontos que foram concedidos em momentos de acomodação de mercado devido ao fato de que o receio de que a guerra na Ucrânia afete o fornecimento de matérias-primas já encareceu insumos usados pelas siderúgicas. Enquanto que a Rússia é a 5ª maior produtora siderúrgica do mundo, o Brasil é o 9º e a Ucrânia a 11ª.

“A pressão inflacionária é o primeiro e principal impacto da guerra para a indústria brasileira”, diz a Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Campos Gerais

Nos Campos Gerais as indústrias vêm tomando medidas de precaução frente à preocupação de impactos no processo produtivo e de aspectos econômicos como a ‘inflação da guerra’, desvalorização da moeda, alta da Selic e o impacto sobre o PIB, conforme destaca o coordenador do Núcleo das Indústrias de Ponta Grossa (NDI) da Associação Comercial, Industrial e Empresarial (ACIPG), Otto Ferreira Neto.

“Além do impacto humanitário que muito nos preocupa, cada setor tem em gargalo, porém existe uma linha tênue que pode impactar em todos os setores industriais, como a valorização das comodities gás natural, aço e alumínio, etc. Com o conflito, a oferta global desses itens pode cair, causando uma escalada dos preços aumentando o custo para a indústria. No período pandêmico a escassez de insumos foi intensa, o conflito pode modificar o comportamento que vinha diante de uma melhora”, avalia. 

“A região do conflito extrai matérias-primas importantes como paládio e gás neônio, indispensáveis na fabricação componentes semicondutores. Além desses componentes, uma nova quebra no abastecimento de matérias-primas e insumos de produção industrial pode ser um fator de ruptura em decorrência do conflito, afetando mais as indústrias dependentes de insumos importados, que é mais preocupante do que as que se abastecem, em maior parte, com fornecedores locais. O desabastecimento dos insumos importados pode ocorrer também pelos impactos do conflito em rotas marítimas e aéreas”, lembra o representante do setor.

Preços já possuem altas acumuladas de antes da inflação da guerra

Muito antes da inflação causada pela guerra, ela já vem sofrendo uma alta acumulada devido à pandemia, e isso em todas as pontas, como pode ser observado através de pesquisas do IBGE. 

O Índice de Preços ao Produtor (IPP), por exemplo, mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, isto é, sem impostos e frete. De acordo com o estudo mais recente, de janeiro, a taxa acumulada nos últimos 12 meses já era de 25,5%. Ao mesmo tempo, o repasse ao consumidor também já é sentido: a inflação oficial (IPCA) de fevereiro aponta um acúmulo de 10,5% nos últimos 12 meses. 

Inflação para a indústria acumulada em 12 meses 
(IPP-jan/22)

  • Refino de petróleo e biocombustíveis (64,81%)
  • Outros produtos químicos (56,65%)
  • Madeira (38,97%)
  • Produtos de metal (33,01%)

Inflação para o consumidor acumulada em 12 meses 
(IPCA-fev/22)

  • eletrodomésticos (17,8%)
  • geladeira (24,7%)
  • carros novos (18,5%)
  • carros usados (17%)
  • ferragens utilizadas na habitação (15%)

Redução de impostos visa ampliar importações e competitividade

O Governo Federal decidiu reduzir em 10%, até o fim do ano, o Imposto de Importação sobre bens de capital (máquinas usadas em indústrias) e sobre bens de informática e de telecomunicações, como computadores, tablets e celulares. A medida pretende facilitar a compra de equipamentos usados pelos produtores industriais e baratear o preço de alguns itens tecnológicos, quase sempre importados. Agora, as alíquotas passaram de 0% a 12,8%.

Outra decisão também recém-anunciada é que o etanol e seis alimentos terão o imposto de importação zerado até o fim do ano. Atualmente, o café paga Imposto de Importação de 9%; a margarina, 10,8%; o queijo, 28%; o macarrão, 14,4%; o açúcar, 16%; o óleo de soja, 9% e o etanol, 18%. Apesar destes itens não serem tão importados, a expectativa é que com o aumento da compra do exterior os preços fiquem mais atrativos para o mercado interno.

Aço é utilizado na produção de eletrodomésticos e setores automotivo, de construção e de embalagens, por exemplo (Foto: Arquivo DC)

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