em

Histórias do Futebol: “Apanhamos e fugimos do estádio”

O radialista esportivo Diomar Alceu Taques Guimarães, de 59 anos e natural de Ponta Grossa, acompanha o Operário Ferroviários desde a adolescência. Durante esses anos todos junto com o Fantasma como torcedor e cronista esportivo, acumulou muita bagagem e tem história para contar. Confira uma passagem vivida por ele, ocorrida lá nos idos de 1982 em partida do Campeonato Paranaense.

“No campeonato Paranaense de 1982, o Operário Ferroviário tinha um bom time, terminou em quarto lugar. Ronaldo, Mossoró e Admilson eram da base do Corinthians e vieram para o Operário. Dicar era o goleiro, no meio campo tinha jogadores de qualidade como Werner, Bona Edinho. No ataque Adalberto e Corisco.

O campeonato foi disputado em três turnos. O Atlético com um time quase imbatível venceu os três. Não teve adversários.

Um time fantástico que tinha entre outros Roberto Costa, Lino, Nivaldo, Capitão, Washington, Assis…

Esse timaço venceu em todas as cidades menos em Ponta Grossa. Dois empates: 0x0 e 1×1. Mas a história é de um outro jogo.

O jogo era válido pelo terceiro turno do campeonato e o adversário era o Pato Branco.

O jogo estava marcado para Pato Branco, mas em virtude de alguns problemas ocorridos lá, o estádio Ney Braga foi interditado.

Com isso o Pato Branco pediu para jogar em Guarapuava no Estádio Lobo Solitário que hoje não existe mais.

O time de Guarapuava era o Guarapuava E.C. que disputava a segunda divisão.

Nós éramos da Torcida Organizada Trem Fantasma e ao lado da RETO Real Torcida Operariana fomos torcer. Estávamos em uns 10 torcedores, uma Kombi e um Fusca foram os carros que nos levaram.

Entre outros estavam, eu, meu irmão Valério, hoje em Maringá, Benedicto Godoy, o nosso Godoy, Zezinho irmão do Godoy, Jairo Manoel, sr. Altair, já falecido que tinha um açougue no Mercado Municipal e mais alguns.

Quando chegamos fomos recepcionados pela torcida do Guarapuava que nos manifestou apoio.

Em um primeiro momento não havia torcedores do Pato Branco.

No estádio apenas 4 policiais dentro do gramado dando segurança para a arbitragem e as equipes envolvidas.

O bar vendia cervejas em garrafa com o trato de a cada venda o torcedor tinha que devolver a vazia.

Tudo corria normalmente.

Primeiro tempo terminou 1×0 para o Fantasma gol marcado por Adalberto.

Iniciado o segundo tempo a nossa frente surgiram dois torcedores que até então não tinham sido vistos, pelo menos ali onde nós estávamos.

Aos 15 minutos do segundo tempo o Pato Branco empatou o jogo e os dois desconhecidos, que estavam a frente do alambrado comemoraram o gol.

Tudo normal, afinal eles tinham o direito de torcer para quem eles quisessem.

Aos 20 minutos o Operário fez o segundo gol. Bona marcou e na comemoração o senhor Altair que estava com uma garrafa de cerveja na mão jogou-a para cima. A garrafa caiu entre a arquibancada onde estávamos e o alambrado.

Um daqueles torcedores que comemoraram o gol do Pato Branco apanhou a garrafa. O Zezinho prontamente foi pedir a garrafa de volta para entregar para a proprietária do bar conforme tinha sido combinado.

Aí o torcedor perguntou ao Zezinho que time ele estava torcendo. Educadamente Zezinho respondeu que ele era um torcedor igual a ele e como ele estava torcendo para o Pato Branco ele estava torcendo para o Operário.

Nesse momento o torcedor quebrou a garrafa na mureta do alambrado e investiu contra o Zezinho com o caco da garrafa. Sem policiamento, nesse momento o Jairo Manoel partiu em defesa do Zezinho. Agarrou na garganta do torcedor apertou até ele soltar a garrafa.

Os 150 torcedores do Guarapuava então viraram-se contra nós. Confusão, chutes, socos para todo lado. Apanhamos e fugimos do estádio.

Pegamos os carros e escutamos os últimos 15 minutos na saída de Guarapuava onde  a rádio local que transmitia o jogo

ainda tinha sinal

O Operário venceu por 2×1, mas o pau cantou feio e levamos alguns sopapos.  Inesquecível.

(Foto: José Aldinan DC)

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.