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Estágio: porta de entrada para o mercado de trabalho

 


Jaíne Casagrande é acadêmica de Farmácia e está tendo sua primeira experiência profissional num laboratório / Foto: Peterson Strack

Edilene Santos

 

Enquanto muitos estudantes aproveitam as férias de janeiro para descansar, curtir a praia, ficar com a família, outros estão ‘ralando’, de olho no futuro. Apostando no estágio, acreditam ver uma porta aberta para o mercado de trabalho.

É o que está fazendo a acadêmica Jaíne Casagrande, 23 anos. Ela cursa o oitavo período de Farmácia na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, e descobriu um estágio no período de férias em Ponta Grossa ao buscar vagas pela internet. A moça é de Prudentópolis, mas tem familiares que moram em Ponta Grossa.

A universitária começou o estágio no dia 5 de janeiro e o contrato se encerra em 5 de fevereiro. Ela atua num laboratório de análises clínicas e a experiência é considerada extracurricular, ou seja, não será acrescentada ao estágio obrigatório. “Mas, com certeza, estou aprendendo muito. Eu acompanho todo o trabalho. Ainda não sei se é nessa área que quero atuar. O último ano do curso é todo estágio, então, eu vou decidir”, conta Jaíne, que faz o estágio quatro horas por dia.

Conhecimento

Mateus Cardoso tem 16 anos e vai começar o terceiro ano do ensino médio numa escola particular. Ele faz estágio na Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg) desde dezembro do ano passado, o contrato tem duração de um ano e é a primeira experiência dele no mercado de trabalho. “É preciso estar focado nos estudos, mas acho bom começar cedo o conhecimento profissional”, diz.

O estudante atua no atendimento ao público no setor de Serviço de Proteção ao Crédito, uma área que se encaixa com seu perfil. “Para mim, ‘caiu como uma luva’. Eu me interesso bastante pela área administrativa, mas ainda também penso em seguir carreira na área da engenharia”, comenta. Mateus recebe uma bolsa-auxílio de R$ 540 e o dinheiro ajuda a manter as finanças de casa.

Há pouco mais de três anos, a Acipg passou a oferecer intermediação para estágios. De lá para cá, segundo a coordenadora do setor, Fabiane Sommer, já foram contratados por este regime mais de 1,2 mil estudantes de ensino médio, técnico e superior.

 

 

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Empresário prefere ‘moldar’ seus funcionários

 

Empresário do setor de publicidade, Junior Migliorine mantém hoje três estagiários na sua empresa – um na área de criação e dois em web. Segundo ele, dos 14 funcionários, 90% foram estagiários. “A gente contrata como estagiário, vai formando a pessoa entre seis meses e um ano e depois converte em efetivação. A vantagem de começar como estagiário é a empresa poder moldar como ela quer o trabalhador. O profissional vindo de outras empresas pode chegar com ‘vícios’”, defende. “Não faço questão de alguém com experiência, quero pessoas com força de vontade e garra para querer aprender”, acrescenta Junior.

Em termos financeiros, um estagiário acaba sendo mais barato para as empresas do que um profissional, no entanto, para Junior, isso tem pouca influência. “Da mesma maneira que a gente paga uma remuneração mais baixa, demandamos mais tempo para atender o estagiário na sua formação. Ou seja, é uma via de dois lados”, argumenta. (E.S.)

 

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Empresa tem responsabilidade social, diz especialista

Mais do que abrir as portas para receber uma pessoa interessada em aprender, o estágio precisa ser encarado como uma “responsabilidade social” por parte do empregador. Esta é a avaliação da coordenadora de estágios e talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) no Paraná, Marília Guimarães. “Ao contratar um estagiário, a empresa está assumindo um compromisso com a vida profissional desse estudante. Então, precisa acompanhar, dar um ‘feedback’. A gente tem um acompanhamento formal exigido pela legislação, mas a empresa precisa ir além, ter consciência de que está preparando um jovem para ser profissional no futuro, seja na mesma empresa ou em outra”, observa.

Neste mês, já foram fechados mais de 15 contratos de estágio pelo IEL de Ponta Grossa – órgão ligado à Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Na região, a área mais requisitada pelos empregados é a Administração.

O valor pago ao estagiário varia conforme a empresa. Segundo Marília, grandes corporações chegam a pagar até R$ 1,3 mil, além de fornecer outros benefícios, como vale-transporte, alimentação e serviços médicos. (E.S.)

 

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“Estagiário deve mostrar a que veio”, afirma consultor

 

O consultor Luciano Salamacha comenta que o “estágio já passou por alguns estágios” antes de se tornar o que é hoje. “Antes, era uma porta de entrada para o mercado, depois passou a ser mão de obra barata e agora é mais estável. Trata-se de um contrato de experiência diferenciado”, diz.

Por isso, a pessoa contratada para o período de estágio deve “mostrar a que veio”. “Nesse período, o estudante vai usar a empresa para aprender o máximo possível e o único método para conseguir isso é o de tentativa e erro. Portanto, quando a empresa contrata um estagiário, precisa estar ciente do risco que corre”, explica Luciano. Diante disso, observa o consultor, não se deve considerar que o estagiário “rouba” a vaga de um profissional qualificado.

Hoje nem todos os cursos de nível superior exigem estágio e, para Luciano, isso é aceitável, visto que nem todas as áreas necessitam da prática para garantir a boa formação acadêmica. “Em algumas áreas, o estágio é fundamental. Na odontologia, por exemplo, o estudante precisa ter contato com a prática. Ou seja, nas áreas técnicas, é preciso sim o estágio”, avalia. Ele também defende o estágio não-obrigatório para os estudantes do ensino médio. “Sou favorável que o jovem ou adolescente tenha o incentivo para ingressar no mercado, desde que ele possa continuar usufruindo do lazer e acompanhando os estudos. Por isso, a legislação prevê restrições para garantir isso”, finaliza. (E.S.)

 

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