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“Crise que estamos passando é gerada pela política”, diz Douglas Taques

Presidente da Acipg afirma que estabilidade voltará com fim de crise política e combate à corrupção

 

 

Peterson Strack
Douglas Taques: “A crise não foi por problema de uma safra ruim, de crise internacional que refletiu aqui, não foi nada disso”

 

Para o presidente da Associação Comercial Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg), Douglas Taques Fonseca, a crise que atinge a economia, é reflexo de uma crise política iniciada há quase dez anos atrás. O representante do setor produtivo em Ponta Grossa também acredita que à medida que a crise política for normalizando, a tendência é de uma estabilidade econômica como consequência.

Em entrevista ao Diário dos Campos, Douglas Taques também informa que espera do prefeito reeleito Marcelo Rangel (PPS) a efetivação de um conselho indicado pela própria Acipg como espécie de consultoria à prefeitura.

O presidente da Acipg ainda afirma que o setor produtivo deve manter o otimismo para superar a crise, e que em 2017 a entidade seguirá cobrando da classe política. Confira trechos da entrevista:

 

 

Diário dos Campos – de que forma a Acipg pretende atuar em 2017 tendo vista a crise que o país ainda vive?

Douglas Taques Fonseca – Eu entendo que crise financeira que o país passa hoje é mais política do que econômica, porque outras crises são geradas pela economia. Essa crise que estamos passando é gerada pela política, é função das corrupções que houve no governo, porque no momento em que todos os outros países saíram daquela crise de 2008, iniciou-se uma crise grande no Brasil, mas foi uma crise gerada mais pela política do que pela economia. Quando começou a se descobrir todas as bandalheiras que existiam na nossa política, a comunidade internacional tomou conhecimento e começou a tirar o dinheiro aplicado no Brasil. Então, acho que o ano de 2016 foi um ano que vai ficar na história, desde que se continue com a Lava Jato, fazendo seu trabalho, vai ser uma lição que ficará para o resto das nossas vidas. Para nós e para os políticos. E à medida que for enquadrando, metendo na cadeia, cumprindo pelos crimes que cometeram, a comunidade internacional vai começar a respeitar mais o País e consequentemente os dólares que saíram daqui começam a entrar de novo, e sendo assim, tudo se normaliza.

A crise não foi por problema de uma safra ruim, de crise internacional que refletiu aqui, não foi nada disso. A coisa degringolou quando começaram a aparecer as malandragens de governo e aí tudo gerou no que estamos vendo hoje. No momento que a gente recuperar a credibilidade, tudo volta à normalidade.

 

DC – A Acipg também se envolve na política na forma de debate, discutindo assuntos de importância para a sociedade. Já existe perspectiva de como será este debate em 2017, alguma ação que a associação irá realizar?

Douglas – Vamos continuar nos envolvendo diretamente na parte política, apartidária. Não há melhor ação que a associação pode fazer para o bem do comerciante, do industriário e da comunidade como um todo, do que tentar ajudar a acabar com a corrupção nesse país. É claro que vai se fazer alguma coisa pontual, que vai defender os direitos do comércio, da indústria. Mas a associação comercial não é um sindicato, que está ali para defender só os interesses da indústria e comércio, mas sim a comunidade como um todo. Porque quando o todo vai bem, a indústria e comércio também vão bem.

 

DC – A Acipg teve participação importante neste ano nos debates com os candidatos a prefeito. De que forma a associação manterá essa atuação após a eleição?

Douglas – Agora nós vamos fazer o acompanhamento. O prefeito eleito sempre assumiu compromissos nessa linha, de honestidade, de transparência e isso nós vamos exigir. Assim como assumiu o compromisso de fazer um conselho, que vai estudar a cidade, vendo o que é interessante para o município, agora e no futuro. E repassando essas ideias e informações ao prefeito. Claro que não temos a pretensão de ficar dizendo ao prefeito o que deve ser feito. Mas vamos falar o que a comunidade gostaria que ele fizesse, como o eleitor que o elegeu gostaria que ele administrasse. E esperamos que a gente seja ouvido.

 

DC – Três itens que foram abordados pela sua chapa nas eleições da Acipg foram o porto seco, o centro de convenções e o contorno norte. Como estão as discussões políticas para levar isso adiante?

Douglas – O porto seco em uma época de crise, como estamos passando, fica mais difícil ainda. Não vai ser fácil, mas a gente tem que continuar nessa briga. Sobre o centro de convenções, já contactamos empresas, e na primeira quinzena de janeiro já devem aparecer os primeiros projetos para estudarmos e ver qual vai ser o mais interessante.

O contorno norte é outra briga, mas tudo passa pela questão financeira. Hoje nós vemos todos os governos e prefeituras em situações dificílimas. Mas eles não podem fazer milagres, porque entra uma crise dessas e cai a arrecadação, as obras param. Infelizmente é isso que acontece.

 

DC – Quais os projetos para o comércio e para atrair investidores para Ponta Grossa a partir de 2017?

Douglas – No comércio tivemos um pouco de dificuldades nesse início de mandato, em função daquele problema político, de não podermos assumir a associação após a eleição. Ficamos 90 dias demandando judicialmente. Nesse período houve desestruturação na associação, principalmente em relação a funcionários. Ficou na administração três ou quatro diretores, que eram do conselho fiscal. Por mais boa vontade que tivessem, não podiam fazer um papel de 21 diretores. E o que aconteceu foi que muitos departamentos foram esmorecendo, deu um banho de água fria. Até assumirmos, montarmos uma equipe de novo, demorou um pouco. Não tivemos campanha de dias da mães, de dias dos namorados, agora que no Natal começamos a acompanhar, a pedido dos comerciantes. Mas no ano seguinte, com certeza, vamos fazer um Natal bem mais bonito, a associação estará muito mais envolvida.

Em questão de projetos, fizemos um acordo com a Paraná Desenvolvimento através do Programa Municipal de Atração de Investimentos (PMAI), que é agência de desenvolvimento, em que ela chega na cidade e faz um levantamento, de tudo que tem de bom, e também daquilo que a cidade necessita. Para tentar arrumar as necessidades e também possamos atrair novos investidores. Já fizemos este acordo, em que o Governo do Estado contribui com uma parte, a Prefeitura com outra, e a Acipg dá uma contribuição para que esse projeto aconteça. Este projeto que vai ser implantado vai ajudar demais para atrair grandes investimentos e grandes indústrias.

 

DC – Que recado dar aos empresários para que se superar crise em 2017?

Douglas – O recado é para que os empresários confiem, que mantenham o otimismo, porque na crise as empresas que têm criatividade é que crescem, saem da zona de conforto, procuram ser mais eficientes e saem mais fortalecidas.

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