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Clima frio e chuvoso beneficia produção de cereais da região de Ponta Grossa

Cultivo de trigo é beneficiado com as atuais condições climáticas; com uma safra local boa, importação diminui e preços se mantêm estáveis por não depender da variação do dólar

Em contrapartida, produtor deve ficar de olho no risco de doenças nas plantas devido a excesso de umidade e falta de sol (Foto: Divulgação Biotrigo/Rafael Czamanski)

A chuva e o frio que vêm assolando o Paraná nos últimos dias – e devem continuar nos próximos – são benéficos para a safra de inverno local. De acordo com Luiz Alberto Vantroba, economista do Departamento de Economia Rural (Deral) do núcleo regional de Ponta Grossa da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), estas condições climáticas são positivas para o cultivo de cereais como o trigo, a cevada e a aveia, os principais da região.

“Vínhamos de um longo déficit de umidade e algumas culturas já estavam sentindo essa falta, então a chuva é bem-vinda. Mesmo vindo todos os dias ela não causou erosão por não ser exageradamente forte; foi contínua, mas não torrencial, e veio em boa hora”, destaca ele, que complementa com um alerta.

“Isso também tem o outro lado da moeda: com o excesso de umidade e a falta de sol o risco de doenças aumenta, então o produtor vai ter que ficar atento e assim que o tempo melhorar entrar com máquinas para fazer os tratamentos adequados”, ressalta o especialista, lembrando que os produtores locais já são experientes e capacitados nessas questões e contam com uma boa oferta de assistência técnica.

Segundo o Simepar, a previsão para esta quinta-feira (20) é uma temperatura mínima de 7ºC, que deve baixar para 3ºC no sábado (22), mas subir para 15ºC na próxima quinta (27), quando a máxima pode bater 29ºC. Sobre essa oscilação de temperaturas, Vantroba afirma que essas diferenças devem provocar impactos.

“A cultura de inverno, como o nome já sugere, se desenvolve melhor com temperaturas amenas. Depois da fase de maturação é interessante ter um clima bom para se fazer a colheita com tranquilidade, mas aqui na região ainda estamos longe disso; devemos colher apenas a partir do final de setembro e outubro. Atualmente uma parte das plantas está em floração e grande parte em desenvolvimento vegetativo”, avalia o economista.

Preços

Para o coordenador da Divisão de Estatística do Deral, Carlos Hugo Godinho, a produção da safra no Paraná e em outros locais como a Argentina é que devem ditar o comportamento dos preços. “No início da pandemia teve um pico de compras de vários lugares do mundo para garantis os estoques, com a preocupação de que a pandemia atrapalhasse o comércio mundial”, lembra ele.

“O dólar também oscilou muito nesse tempo e está pautando bastante os preços, já que se não tivermos produções boas aqui e na Argentina para suprir a nossa demanda vamos ter que buscar produtos em outros países, principalmente nos Estados Unidos, que é o nosso principal parceiro depois da Argentina”, categoriza o especialista.

De acordo com o Sistema de Informação do Mercado Agrícola (SIMA) da Seab, o preço médio da saca de 60 kg do trigo paranaense, subiu 24% de um ano para cá, registrando R$ 58,26 nesta semana. “No ano passado esse preço estava muito próximo do custo. Hoje praticamente esse avanço é a rentabilidade do produtor”, analisa Godinho.

Vantroba lembra que os bons preços motivaram o aumento de área plantada: da safra 18/19 para a 19/20 a área destinada ao trigo cresceu 12% na região, chegando a 130,9 mil hectares. Somando todos os cereais invernais cultivados no núcleo regional de Ponta Grossa (aveias branca e preta, centeio, cevada, trigo e triticale), a quantidade de toneladas produzidas subiu 20,4%, chegando a 664,4 mil toneladas de acordo com a estimativa do Deral; em todo o Paraná o crescimento foi de 63%.

Porém, conforme destaca Godinho, regiões específicas do estado podem sofrer com condições climáticas intensificadas – como o Sudoeste com as geadas e uma parte do Norte com as chuvas. Caso as produções desses locais, importantes para o total paranaense, sejam afetadas, há a possibilidade de uma alta dos preços devido à diminuição da oferta de produtos.

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