O Banco do Brasil suspendeu o patrocínio ao vôlei brasileiro ontem, após relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) comprovar irregularidades na gestão de dinheiro público na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). A auditoria foi feita pelo órgão do governo federal depois de denúncias feitas pela ESPN Brasil desde o início do ano.
O banco divulgou nota na qual diz que “suspendeu os pagamentos à CBV referentes aos contratos de patrocínio e condiciona a retomada (…) – e a continuidade do patrocínio – à adoção imediata pela CBV de todas as medidas corretivas apontadas pela CGU”.
O acordo vigente da CBV com a instituição tem duração até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade. A reportagem apurou que o valor pago anualmente à confederação é de R$ 70 milhões. O primeiro contrato entre as partes data de 1991. O mais recente foi assinado em 2012.
Em março, a CGU determinou abertura de investigação sobre contratos firmados entre a CBV e o banco entre 2010 e 2013, na gestão do ex-presidente Ary Graça Filho, hoje mandatário da Federação Internacional de Vôlei (FIVB).
A 602 dias do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o vôlei é considerado chave para o Brasil chegar à meta de ao menos 27 medalhas e um lugar no top 10 geral. Na história, vôlei de quadra e praia têm 20 pódios olímpicos.
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O patrocínio do Banco do Brasil é de R$ 70 milhões por ano
Preocupação
Ex-jogadores da seleção e medalhistas olímpicos, Ana Moser e Maurício mostraram preocupação com o futuro do vôlei no país após o Banco do Brasil suspender o patrocínio à CBV devido a irregularidades na gestão de dinheiro público. “É bem preocupante. Não é a única fonte de recursos da confederação, mas ela é bastante dependente desse patrocínio. Isso coloca em risco o vôlei. As consequências serão ruins para todos. Não só para os gestores, mas também para atletas e técnicos”, disse Ana Moser, que ganhou bronze em Atlanta-1996.
Já Maurício, ouro em Barcelona-1992 e Atenas-2004, foi avisado pela reportagem da suspensão. O ex-levantador afirmou ser cedo para cravar o efeito do corte, mas já adiantou acreditar que “dificuldades vão existir”.
“Quando se trabalha com apoio é mais fácil ter resultado. Somos hoje a potência que somos devido ao Banco do Brasil. Eles estão certíssimos ao querer fazer tudo com mais idoneidade”, afirmou.