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Vez e chance para o STF

Mario Eugenio Saturno

 

 

Em 2002, alguns meses antes da eleição que deu a Lula a presidência do Brasil, resolvi aceitar o convite, ou desconvite, que me enviou o líder maior do Partido dos Trabalhadores José Dirceu: sair do PT! Nas conversas, eu contava minhas desventuras com o Partido. Um dia, um partidário do FHC disse que eu estava exagerando. Ninguém acreditava que no PT, sua cúpula não fosse ética.

Eis que explodiu o escândalo do Mensalão e aquele colega, em plena rua, ficou gritando meu nome, queria expressar seu espanto, como um pedido de desculpa: eu não fazia ideia! A verdade é que ninguém fazia, só quem estava dentro do partido e não se fazia de cego.

Desde o governo Itamar, o Brasil deus alguns passos importantes, como o Plano Real. FHC fez a Lei de Responsabilidade Fiscal e assumiu todas as dívidas dos estados e municípios (eis o destino do dinheiro das privatizações) e, com isso, temos um país que forte que sobrevive às crises… Apesar do Mantega… A CNBB emplacou a Lei dos Bispos que moralizou as eleições e, por último, com participação da OAB e outras entidades, a Lei da Ficha Limpa que vai melhorar o nível das eleições deste ano.

Entre as entidades importantes deste país, a Sorte quis favorecer o STF, Supremo Tribunal Federal, com a possibilidade de fazer algo incrível para este país, enviar uma mensagem aos desonestos, corruptos e corruptores: que neste país tem lei, tem Justiça, tem juízes que colocam princípios acima de vantagens ou prejuízos pessoais. Gente que tem amor à Pátria!

E o que é o mensalão mesmo? Quem não se lembra daquela vez que o Lula apareceu na televisão dizendo que fora traído? Sim, foi traído, pela incompetência dos executores do esquema montado de compra de votos, já que foram pegos. O mensalão foi uma denúncia de Roberto Jefferson, deputado federal e presidente do PTB, à Folha de São Paulo em junho de 2005. Isso por conta da acusação que sofreram da revista Veja de montar um esquema de corrupção nos Correios.

Jefferson resolveu falar, apontou para o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acusando-o de pagar a parlamentares do PP e do PL, hoje PR, para dar apoio ao governo no Congresso. E que o empresário Marcos Valério seria o operador do mensalão.

As denúncias derrubaram José Dirceu, ministro da Casa Civil de Lula. E, na Câmara dos Deputados, de quinze parlamentares julgados por suspeita de envolvimento no mensalão, somente três foram cassados: Dirceu, PT-SP, Jefferson, PTB-RJ, e Pedro Corrêa, PP-PE.

O esquema, segundo o procurador, recebia vantagens indevidas do governo federal por meio de contratos de publicidade e por meio de simulações de empréstimos obtidos junto ao Banco Rural.

Para agravar esse julgamento, um dos ministros do STF, Dias Toffoli, que foi advogado do PT, foi assessor de um dos réus do mensalão e tem mulher que é advogada e também atuou no processo, não se declarou impedido como manda a lei em situações semelhantes e vai participar do julgamento. Outro fato, até curioso, é que o procurador teve cinco horas para fazer a acusação dos 38 réus e a defesa terá 38 horas. É dever cívico de todo brasileiro acompanhar o julgamento e ajudar no que for de seu alcance para construir um país melhor.

 

 

 

O autor é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. (mariosaturno.blog.com)

 

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