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DCmais e os 117 anos do Diário dos Campos

“Se cogitava de dar a terra Pitangui um jornal…” – Epaminondas Holzmann

Trecho de exposição dos 200 anos de Ponta Grossa, com alusão ao trabalho do DC / Foto: Arquivo pessoal Carlos Mendes Fontes Neto

Na cidade, no final do século XIX, já tinham existido alguns semanários de circulação inconstante e vida efêmera. Em 27 de abril de 1907, Ponta Grossa ganha seu primeiro jornal:

“ Acho oportuno relembrar aos meus contemporâneos a estabilidade do primeiro jornal de nossa cidade. Digo nossa, porque aqui me criei e nela resido há vinte e oito anos. Ponta Grosa progride e tem jornais diários, ouviram? Com um reles conto de réis (é verdade que não tinha de meu 500$00, já o fará o reles conto!), comprar uma tipografia de jornal e obras, fundar um jornal para apregoar a fama de nossa cidade e, além de tudo, ganhar muito dinheiro. Nem a sorte grande me contentaria mais!” – Jacob Holzmann

O Progresso foi fundado por Jacob Holzmann, nascido em Saratov na Rússia, e recebeu esse nome batizado por três ponta-grossenses: Cel. Diogo de Oliveira Penteado, Manoel Xavier Pereira e o Cap. José Baily Ribas. O primeiro redator foi um engenheiro da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, Augusto Silva. O primeiro número circulou com uma tiragem de 500 exemplares e como divulgação foram distribuídos, além da cidade, para Curitiba e todas as praças do interior, chegando a ser enviado um exemplar para Buenos Aires (destinado aos parentes das colônias alemãs do Volga na Argentina)

O Progresso nasceu em um pequeno cômodo da casa de Manoel Cyrillo Ferreira, na rua 7 de Setembro, em uma pequena prensa, daquelas pioneiras no país. Necessitava apenas de duas pessoas para a operarem. No lançamento do jornal foram vendidos apenas 4 ou 5 exemplares, com uma distribuição promocional maciça. Apesar das dificuldades enfrentadas, o jornal atingiu uma média de 300 exemplares por número, com edição vespertina, mas com circulação semanal. Em 1908, passou a ter 3 edições por semana, já com um prelo importado da Alemanha e usando papel Germânia na cor rosa, enviado de Hamburgo.

O jornal passou a ocupar um imóvel na Rua Dr. Collares, na esquina com a Rua Sant’Ana e posteriormente foi instalado na Praça Mal Floriano Peixoto em um prédio de Reynaldo Ribas Silveira.

Nasce o nome Diário dos Campos

Em 14 de julho de 1911, Jacob Holzmann transfere o jornal para Eliseu de Campos Melo. Em primeiro de janeiro de 1913, muda o nome para Diário dos Campos, ostentando como subtítulo “Ex-O Progresso”, sob a sociedade formada pela Companhia Tipográfica Pontagrossense, com Hugo Mendes de Borja Reis na redação e sob a gerência de Jacob Holzmann. No ano de 1921, passou de vespertino para matutino.

Em 1931, Juca Hoffmann assume o Diário dos Campos imprimindo um ritmo mais moderno e com uma linguagem mais direta e que privilegiava aspectos polêmicos da realidade princesina. A nova direção percebeu o potencial político com que o jornal poderia contribuir para o desenvolvimento da cidade.

No início dos anos 1960, o jornal adquire uma nova concepção gráfica e editorial, integrando o modelo e paradigmas do jornalismo contemporâneo.

O Diário dos Campos segue fazendo parte da identidade e da história de Ponta Grossa, apresentando uma conformação moderna e dinâmica inserida nas novas formas de divulgação eletrônica que se somam. Por suas páginas passam e passaram pessoas que construíram o progresso e a cultura de nossa cidade, tais como, José Cadilhe, Eliseu de Campos Mello, Juca Hoffmann, Epaminondas Holzmann, Sergio Neville Holzmann, Nicolau Ferigotti, João Ricardo von Borell du Vernay, Lourival Santos Lima, Anita Philipovski, Adjaniro Cardon, Evaldo Podolan, Leonilda Hilgenberg Justus e tantos outros ilustres construtores da história bicentenária da Princesa dos Campos.

O Diário dos Campos é verdadeiramente o veículo da voz e dos anseios da nossa população, destacando todo o progresso e modernidade que no dia-a-dia a cidade adquire. 

Depois de tantos anos, ainda ecoa a fala de Jacob Holzmann, no dia 14 de julho de 1913: “Em tudo isso não me anima outro interesse que não o de livrar Ponta Grossa da pecha de cidade atrasada…”

O Diário dos Campos integra, certamente, os anais do periodismo do Brasil e do mundo, possibilitando com seu registro a reconstituição da nossa história e cultura a todos que pesquisam e buscam conhecer a cidade de Ponta Grossa, Princesa dos Campos Gerais. Hoje, o jornal impresso também conta com sua versão online – o portal DCmais, que estende seu alcance e mantém sua importância para além dos Campos Gerais.

Jacob Holzmann (1875-1933). Acervo de Carlos M. Fontes Neto

Diário dos Campos, edição de 1939. Acervo de Carlos M. Fontes Neto

Edição de 1909, quando ainda era O Progresso, sendo redator Hugo Mendes de Borja Reis. Acervo de Carlos M. Fontes Neto

Placa do jazigo de Jacob Holmann destacando como fundador da imprensa de Ponta Grossa. Fotografia de Carlos M. Fontes Neto

*O autor deste texto é engenheiro civil, ocupante da cadeira 9 da Academia de Letras dos Campos Gerais, presidente da Associação Germânica dos Campos Gerais e vice-presidente do Centro Cultural Prof. Faris Michaele.

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