Poder de assimilação
Quando se fala em processamento da nossa memória é importante resgatar o conceito de memória afetiva, que significa o seguinte: algumas memórias do ser humano se fixam melhor, ou como se diz na neurociência, são cristalizadas na mente da pessoa mediante algum tipo de impacto de vínculo afetivo. Quando uma memória está correlacionada a um impacto, seja ele de natureza positiva ou negativa, ele tem uma assimilação e uma fixação muito maiores do que normalmente haveria. Veja o exemplo de um funcionário que já na sua primeira semana de trabalho teve de atender um cliente que reclamava muito.
*****
Já conhecido
O chefe recomendou que esse era o cliente mais importante da sua agência, portanto ele deveria pensar bem no que ia fazer, no que iria dizer. Esse clima de tensão, de expectativa a respeito de como o cliente iria se comportar acabou contribuindo para que esse funcionário se lembrasse dessa situação com muitos detalhes, mas com o passar do tempo esse mesmo cliente se tornou alguém conhecido e os escândalos que ele passou a fazer depois, o funcionário já não recordava direito. Talvez lembrasse não de uma situação em que houve stress, mas de uma situação com esse mesmo cliente em que algo engraçado ou outro tipo de sentimento acabou acontecendo, como ter se surpreendido com uma demonstração de gratidão inesperada desse cliente, um pedido de desculpas ou ainda um muito obrigado, coisas que ele nunca dizia.
*****
Reconstrução
Seja por um sentimento positivo ou negativo, essa memória foi fixada. Então vem a questão. Se a nossa memória pega apenas alguns fragmentos de outros elementos que a gente vive, de outras cenas do nosso filme cotidiano, quando lá no futuro a gente tenta se lembrar, é comum que a nossa memória acabe reconstruindo uma nova imagem a partir daquele fragmento. Mas, sobre isso, sobre a reconstrução da nossa memória, eu falo amanhã. Para a coluna Visão Empresarial
Luciano Salamacha