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Pôquer para 2016 e 2018

Jeverson Nascimento

 

A última pesquisa realizada pelo Datafolha dá indícios de quais serão as cartas para as eleições à presidência de 2014. Nela, Dilma Rousseff aparece com 58% de intenções de votos.  Se pudermos confiar nessa pesquisa (realizada com essa antecedência), temos que o PT senta-se à mesa com as melhores cartas e o melhor cacife, bancado pelos sucessos dos últimos anos de governo e por ter a máquina do Estado a seu favor. Esse fato deve mudar a perspectiva dos outros jogadores.

Marina Silva tenta montar um novo partido, requisito obrigatório para sentar-se à mesa, e aparece em segundo lugar na pesquisa, com 16% das intenções de voto, mas precisa de muito ainda para conseguir fazer frente ao PT, de forma que se chegar a entrar nessa rodada será pensando em melhorar seu cacife para uma próxima, talvez 2016 ou 2018.

No PSDB o nome que tem se destacado é o de Aécio Neves (10%). É tradicionalmente o antagonista do PT, mas seu cacife parece um pouco baixo para essa rodada, pois nas últimas eleições nacionais, e nos últimos anos, tem se preocupado mais em promover um discurso anti-PT, esvaziando assim seu capital político-ideológico em torno de agendas para o país. Nesse cenário, se alimentar chances de vitória corre risco de continuar na estratégia de desqualificar seu arquirrival. Se procurar uma melhor perspectiva para o futuro, utilizará 2014 para melhorar seu cacife e suas cartas para 2018, usando esse carteado para fortalecer seu discurso ideológico social democrata e se firmar absolutamente como a melhor opção ao PT, e não como oposição ao mesmo. Isso, é claro, tomando essa antecipada pesquisa.

O PSB é um jogador que se fortaleceu nas últimas eleições, e tem como seu As de espadas Eduardo Campos, que apareceu com 6% na pesquisa.  Se ele realmente colocará suas fichas na disputa ainda é uma incógnita, mas já parece claro que tal decisão se pautará nas vantagens que poderá ter no futuro se assumir uma ou outra variável.

O PT, como principal jogador, tem muito ainda o que resolver antes de fazer suas apostas. A começar por seus aliados, que são muitos e muitas vezes comportam-se como um mal necessário, como o PMDB, que a cada rodada se fortalece no Congresso Nacional. Além disso, sua principal carta, a presidente Dilma, precisa se desvincular de um certo lulismo, modelo de governar (principalmente na área econômica) que até que deu certo na década passada, mas que começa a dar sinais de desgaste. Isso implica que ela tem dois anos para criar capital político próprio dentro de seu partido e enquanto governo, pois já está ficando chato aos petistas terem que recorrer, a cada eleição, ao capital político/simbólico representado por Lula.

Tratando de política muita coisa pode acontecer em dois anos, de forma que talvez seja cedo ainda para dizer quais cartas foram distribuídas. Certamente muitos blefes e apostas ainda serão feitos e outros jogadores sentar-se-ão à mesa. Mas o pôquer é um jogo que começa muito antes de os jogadores mostrarem suas cartas.

 

 

* Técnico em biblioteca na UEPG

 

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