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Quem foi o Capitão das Ordenanças em Ponta Grossa?

Cyrino Borges de Macedo foi a primeira autoridade militar de Ponta Grossa, nomeado pelo general Bernardo Lorena em março de 1796, com a patente de Capitão Comandante da Companhia de Cavalaria das Ordenanças. Esse grupamento, composto de 60 elementos locais, assemelhava-se à Guarda Nacional e não se confundia com as tropas de linha ou com as milícias que preenchiam os claros da anterior. Sua finalidade era proteger a população da região e manter a ordem interna.

Nas relações de habitantes de Ponta Grossa, Carrapatos (Guaragi) e Itaiacoca, o nome de Cyrino sempre aparece em primeiro lugar, até porque as listagens partiam de sua lavra. É o que se vê dos mapas de 1.797, 1.798, 1.799 e 1.801. Neste último consta que Cyrino tinha 33 anos, era casado com Rosa Maria da Silva e possuía cinco filhos menores nascidos em Ponta Grossa. Trabalhava na agricultura e no comércio de tropas, sal e demais produtos trazidos de Paranaguá e Curitiba.

Aspecto interessante diz respeito à ascendência portuguesa desse personagem, cujos membros mais antigos participaram de acontecimentos trágicos que os levaram à completa ruína. Cyrino era neto, pela materna, de João Correia da Fonseca e Catharina de Macedo Baldraga, sendo que a última descendia de Duarte de Távora Gamboa e Maria de Cerqueira Leme. Dizem os linhagistas que os Távoras e Macedos Baldragas integraram a nobreza de Portugal por quase 1.000 anos. Contudo, o sobrenome Távora, a partir da segunda metade do século 18, foi praticamente extinto, riscado do mapa, frente à tentativa de regicídio praticada contra D. José I. 

Na noite de 3 de setembro de 1.758, quando o Rei voltava para o palácio, foram-lhe desfechados vários tiros que o feriram gravemente. O Marquês de Pombal, que dirigia o governo português, culpou os jesuítas e os Marqueses de Távora pelo atentado, mesmo sabendo que o monarca era amante de uma das mulheres dessa mesma família e que recebera os disparos em razão de tais aventuras. Instaurado um tribunal especial de alta traição, foram presos e executados todos os envolvidos, inclusive os nobres da Casa de Távora, mortos pelo garrote e pela degola. 

Então, Cyrino Borges de Macedo provinha desses desventurados troncos. Sua presença nos Campos Gerais, no entanto, retrata-o como homem de razoável cultura, disponível a encargos de responsabilidade, afeito ao trabalho e à proteção dos habitantes. Sua descendência é ilustre: o filho ponta-grossense José Borges de Macedo foi delegado de polícia, camarista e prefeito de Curitiba em 1.833, assim como João Moreira Garcez, também prefeito em dois mandatos na Capital.

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