em

Ponta Grossa foi pioneira em experiência cooperativista

O sistema cooperativista amplamente difundido em todo o mundo teve sua experiência pioneira, no país, em território que fazia parte da Freguesia e depois da Vila de Ponta Grossa. Tal ocorreu na Colônia Agrícola Thereza Cristina a partir de 1847, mercê do trabalho levado a cabo pelo Dr. Jean-Maurice Faivre, médico e pensador francês que, anos antes, aportara ao Rio de Janeiro e ali se estabelecera. 

Depois, acompanhado de diversos compatriotas embarcados no navio “Fides”, partiu de Antuérpia, Bélgica, rumo ao porto de Antonina e deste para o interior do sertão, disposto a colocar em prática o conjunto de ideias que concebera e que tinha algumas raízes nos pensamentos de Robert Owen e Charles Fourier.

Faivre, inclusive, além de fundador da Academia Imperial de Medicina, fora médico e parteiro de um dos filhos da Imperatriz Thereza Cristina e precursor dos estudos sobre o mal de Hansen no Brasil. Probo, competente, gozava da inteira confiança do Imperador D. Pedro II de quem recebeu as comendas da Ordem da Rosa e da Ordem de Cristo.

Após as mortes da esposa e da filha, ele decide mudar o curso de sua vida. Então, encampa ideais hauridos nos bancos acadêmicos que se encontravam latentes. Dos Monarcas recebe total apoio no plano de fundar uma comunidade igualitária, junto ao Rio Ivaí, na floresta que dois séculos antes abrigara a mítica República Teocrática do Guairá, criada pelos jesuítas. Nesse proscênio de tantas lutas, vai concretizar o projeto de recuperar o homem pela prática da agricultura coletiva e solidária, sem as diferenças entre ricos e pobres, escravos e libertos.

Situou-se a Vila Agrícola entre os Rios Campinas Belas (Ivaizinho) e Ivaí. Na margem direita do último, também conhecido como Rio dos Patos, foi erguida a sede urbana da colônia, com casas, ruas, serraria, olaria, ferraria, fiação, alambique. Defronte, na margem esquerda, localizavam-se as terras agricultáveis. Faivre concedia os lotes urbanos e rurais como um empréstimo perene, sem data final. As colheitas de milho, feijão, algodão, trigo, baunilha, eram encaminhadas a um depósito comum e, após, repartidas conforme as necessidades individuais e o trabalho de cada um. Vedava-se o ingresso ou a manutenção de escravos.

A abertura de estradas, limpeza da pastagem comunal, construções de uso comunitário, eram feitas pelos colonos franceses e nacionais. Em “Saga da Esperança” narramos a heroica trajetória de Faivre que empenhou dez anos de sua vida em prol do belo sonho de fraternidade e solidariedade. Faleceu em 1858 e seus restos mortais repousam no antigo cemitério da colônia.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.