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Como Senhora Sant’Ana se firmou padroeira de Ponta Grossa

Na primeira década de 1700, Domingos Teixeira de Azevedo e sua esposa Ana de Siqueira e Mendonça tornaram-se proprietários das sesmarias que denominaram Sant’Ana de Itaiacoca e Cambiju. Com a morte do varão, a viúva revalidou os respectivos títulos e colocou o filho, José Tavares de Siqueira, à frente das vastas estâncias, enquanto ela continuava a residir em Santos, no comando de outro imóvel também denominado  Sant’Ana.

O célebre historiador e orador sacro frei Gaspar da Madre de Deus era o primogênito desse clã que contava ainda com duas religiosas fundadoras do Convento da Ajuda e dois sacerdotes. Desde os mais remotos tempos, os Siqueiras e Mendonças prestavam culto à Senhora Sant’Ana com procissões e festejos que sempre aconteciam no final do mês de julho.

Alinhavando outras referências ao nome da padroeira de Ponta Grossa, constata-se que, ainda antes da criação da Freguesia, em 1814, Domingos Ferreira Pinto (pai do Barão de Guaraúna) erigiu um altar em sua fazenda, também em homenagem à mãe de Nossa Senhora. Tempos depois, esse mesmo oratório foi transferido para a Casa da Telha, mantendo-se o patrocínio de Sant’Ana e as comemorações no dia a ela dedicado. 

Genealogistas como Pedro Taques e Francisco Negrão, atribuem esse fervor, tão arraigado, a antigas tradições que começaram com o castelhano Alonso Pelaes, ancestral da família Siqueira, o qual teria lido em certos manuscritos a respeito de uma profecia de que “quem festejasse a gloriosa Sant’Anna não teria detrimento no crédito, nem falência nos bens da fortuna”. Embalados por essa crença ou talvez por simples devoção, não há como ignorar que os descendentes dessa antiga cepa, desde os tempos coloniais, eram tidos como senhores de uma das maiores fortunas de São Paulo. 

Em Ponta Grossa, o ato oficial que sacramentou referida afeição religiosa foi, sem dúvida, o decreto de D. Pedro I que criou a Freguesia “com o rogo de Nossa Senhora Sant’Ana”.Em seguida, a referendar a iniciativa imperial, vieram as construções da primeira Capela e da Igreja Matriz que nunca deixaram de prestigiar o nome da padroeira. 

E já nos fins do século 19, paroquianos se uniram para equipar dignamente o templo que é considerado o marco inicial da cidade: Generoso Pinto Leal Taques ofereceu a lâmpada e a umbela, os paramentos foram doados pelos Barões de Guaraúna, a pia batismal por Generoso Martins de Araújo, o órgão pelo tenente José Gonçalves Guimarães e a imagem de Sant’Ana, importada de Munich, foi oferta da senhora Maria Joana Ribas. Acresçam-se as dádivas de terras feitas por diversos estancieiros e escrituradas em nome da Santa.

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