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Enfermagem: a arte do cuidar

Mirian Cristina Ribas*

 

Neste 12 de maio, comemoramos o Dia Internacional da Enfermagem, cuja profissão se desenvolveu a partir do século XIX e desempenhou um papel essencial na história da civilização. Neste contexto, tem como finalidade a garantia da assistência, promoção e proteção da saúde, visando o bem-estar do ser humano, considerando sua liberdade, unicidade e dignidade. Para Jeammet e Consoli, (Psicologia Médica, 2000) A hospitalização apresenta, por si mesma, condições suficientes para induzir um efeito de estresse, e, por consequência os profissionais da enfermagem também ficam fragilizados, pois em contato direto com os pacientes vivenciam a dor física e emocional destes, muitas vezes enfrentando a falta de urbanidade; trabalhando finais de semana e feriados, alguns com dupla jornada, dedicando parte de suas vidas aos cuidados de outras.

Em meio a tantas ações positivas, é grande a decepção no que tange a não aprovação do Projeto de Lei 2.295/2000, que tramita há mais de uma década, pela jornada máxima de 30 horas semanais para os enfermeiros (as), técnicos (as) e auxiliares de enfermagem; inclusive a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda esta jornada, argumentando ser mais aconselhável para pacientes e trabalhadores da saúde. Tal medida não é benefício, e sim uma necessidade; não é custo, mas sim um investimento! Esta morosidade deve-se em parte, ao descumprimento de promessas eleitorais feitas inclusive pela atual presidente da República, que na sua campanha em 2010 assinou compromisso com a classe, porém, ainda não as cumpriu. Somado a isto, existe também um forte lobby no Congresso Nacional, por parte das instituições hospitalares privadas.

Portanto, faz-se necessárias melhores condições físicas, emocionais, remuneratórias e a fundamental humanização no que concerne o cuidar de quem cuida, pautada nos princípios do SUS, voltados à qualidade dos profissionais, o que certamente resultaria num melhor atendimento aos usuários da saúde. Algumas categorias de profissionais, tais como fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos em raios-x, entre outras, já conquistaram tal direito, embora façam parte da mesma equipe multidisciplinar e dividam responsabilidades semelhantes, contudo, a enfermagem ainda não obteve tal reconhecimento. Chega-se ao cúmulo de, o profissional da saúde, estando em seu ambiente de trabalho, ou seja, hospitalar, ao demandar de atendimento médico, dele ser exigido o ressarcimento financeiro de todo material e medicamento por este utilizado (já houve casos de até o algodão usado na assepsia ser motivo de dedução salarial).

O senso comum atual, quando o assunto é saúde pública, questiona a falta de médicos, entretanto, o que seria da classe médica sem toda a assistência integral da equipe de enfermagem, em torno do paciente? Esta, que cuida do bem mais precioso: a vida! Enfim, elevo saudação e estima aos profissionais de enfermagem, com as palavras da pioneira Florense Nightingale, que do seu legado somos integrantes: A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio do mármore, comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes. 

 

* A autora é técnica em enfermagem e acadêmica do curso de Direito

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