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Brasil, o Estado Gigante

Jorge dos Santos Avila*

 

“Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período”. Essas são palavras do empresário Jorge Gerdau sobre o número de ministérios que temos hoje no país. Para ele [e creio que para um bom número de cidadãos brasileiros], a burrice de criar novos ministérios está no limite.
Mesmo com a crítica gabaritada, vinda do empresário Jorge Gerdau, o 39° Ministério foi criado. Trata-se da Secretaria da Micro e Pequena Empresa que tem status ministerial. Antes de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a pauta do novo ministério será a de formular políticas voltadas ao microempreendedorismo e ao microcrédito. Longe de desmerecer os microempreendedores, responsáveis por uma grande parcela de emprego, distribuição de renda e giro da economia brasileira, mas se faz necessário a criação de mais custos ministeriais para serem pagos com o dinheiro recolhido via imposto do contribuinte brasileiro?
No início do mês, o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ noticiou a criação de uma nova estatal, a Hidrobrás. Segundo noticia o veículo de comunicação, a nova estatal estaria em fase de gestação no governo federal. A presidenta desmentiu a notícia, que nesse momento arranharia a candidatura à reeleição, que começa a ganhar corpo. Sendo ela candidata à reeleição, negará até onde for possível, porém quem garante que a nova estatal sai do papel ainda este ano é o ex-ministro dos transportes, Paulo Sérgio Passos. No mesmo tom do ex-ministro, o superintendente de navegação interior da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, garante que a nova estatal será criada.
Não nos assustemos caso leiamos daqui a alguns meses a notícia da nova estatal, com a argumentação de investimentos no setor logístico e no desenvolvimento do modal aquaviário brasileiro. Existe sim a necessidade de tais investimentos e de desenvolvimento nesse setor. O que não existe é a necessidade de mais um peso que cabe nos discursos políticos, mas não cabe mais no bolso do contribuinte brasileiro.
Para quem lê as entrelinhas da redação política, o que fica claro é o desenho da criação de novos cargos comissionados, tanto na estatal, como no ministério, no intuito de agasalhar os apoiadores da eleição de 2014. Lógico que todos nós queremos o desenvolvimento da micro e pequena empresa, como também dos modais logísticos, ambos bastante necessários para o crescimento da nossa economia. Porém, queremos também um gasto do dinheiro público com mais responsabilidade, fazendo do Brasil um estado de gestores públicos eficientes e de um setor público eficaz.
O Estado não pode ser mínimo como imaginam os conservadores neoliberais thatcheristas. Também não pode ser gigante para atender as necessidades da governabilidade. O estado tem de ter o tamanho ideal para atender as necessidades de quem o mantém: o povo brasileiro.

 

*Bacharel em administração e bacharelando ciências econômicas

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