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AS SELADORAS ALEMÃS DE GARRAFAS DA CERVEJARIA OCEANA

Carlos Mendes Fontes Neto

A cidade de Ponta Grossa tem uma tradição cervejeira que remonta ao século XIX quando os imigrantes alemães começaram a se radicar de maneira mais numerosa por aqui. Segundo Francisco Lothar Lange, no final do século XIX a cidade contava já com três cervejarias, além das representantes de marcas curitibanas. Nomes como Thielen, Schetler e Metzenthin colocaram a cidade no mapa do Brasil e até do exterior. A primeira fabrica de cerveja da cidade abriu no ano de 1892: Cervejaria Oceana de Friedrich Wilhelm Metzenthin, alemão vindo de Berlin. Situada na Rua das Tropas (hoje Rua Augusto Ribas) esquina com a Rua Pe. Ildefonso além de fabricar a famosa cerveja Poter produzia gengibirra e outras gasosas. Em 1894 Henrique Thielen abriu uma filial da Cervejaria Grossel de Curitiba na Rua do Chafariz (atual Cel. Cláudio) sendo que em 1911, já como proprietário, fabricava as cervejas Operária, Primor, Brilhante e Cachorrinha. Em 1917 como Companhia Cervejaria Adriática dava inicio a expansão da produção (com equipamento vindo da Alemanha) se consolidando como a principal indústria da cidade, com produtos premiados no Rio de Janeiro e São Paulo, além de abastecer os navios alemães que chegavam ao porto de São Francisco do Sul. No ano de 1920 existia ainda a Cervejaria Providência no Largo São João (Avenida Dr. Vicente Machado esquina com a Rua Dr. Paula Xavier). A Adriática lançou em 1928 a Cerveja Original, que graças ao grau de pureza adotado e, dizem que, também às propriedades das águas do poço d’água existente no seu interior se tornou famosa no Brasil. Essas cervejarias incentivaram e impulsionaram o cultivo de cevada na região, promovendo novas oportunidades para a agricultura dos Campos Gerais.

Infelizmente, dessas cervejarias praticamente nada sobrou, apesar da sua importância histórica. A Cervejaria Providência durou pouco tempo, não restando muitos vestígios. A Cervejaria Oceana fechou em 1920 e seu prédio foi demolido em 2003. A Cervejaria Adriática fechou em 1994, sendo desde 1945 administrada por uma rede nacional, e foi demolida em 1996. A última parte do prédio que restava, e onde havia sido aventado ser instalado um museu da cerveja, foi demolido em 2002. Sua demolição representou uma grande perda patrimonial, da mesma proporção que foi a da antiga catedral. Perda da qual a cidade nunca mais se recuperou, restando uma cicatriz na paisagem urbana, indelével. Basta notar que o fato foi noticia nos jornais de Viena, na Áustria, em tom de incredulidade.

Dessas cervejarias só temos conhecimento de poucos itens existentes, tais como barris de chope da Adriática, existentes no Museu Época, e as seladoras de garrafas da Oceana, que segundo contam foram salvas da demolição junto com engradados e garrafas na ocasião da sua demolição.

Nessa procura para resgatar essa importante página da nossa história (tanto a Oceana, quanto a Adriática estão registradas pelo Dicionário Brasileiro da Cerveja) gostaríamos de saber qual foi o destino dessas seladoras. Esperamos que alguém tenha tido a sensibilidade de preservá-las.

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