em

Violência e Corrupção

Ayrton Baptista

Político que se preza fala muito hoje sobre violência e corrupção. Contra, é claro. E quando não sabe como a coisa vai terminar, sai com o bordão “sempre foi assim”. Não, não foi. Nunca na história deste país chegamos ao ponto de diariamente os meios de comunicação levantarem problemas contras figuras de destaque nos Ministérios e autarquias. Há até um esporte preferido pelos que querem ver o circo pegar fogo: esperar pelo fim da semana para receber as revistas semanais. Umas mais, outras menos, de qualquer maneira é uma podridão só. Já com relação à violência, então, o leitor pode escolher, rádio, TV, jornal, revista. De manhã à noite, com direito a repetição, o que se vê e o que se ouve é o crime marcando ponto em todos os lugares, contra todos e contra tudo, crianças aí inclusas. E vale tudo, ao ponto de hoje sermos menos sensíveis diante da quantidade de delitos, mesmo escabrosos, que se revelam.

Sempre foi assim? Claro que não. Em meados do século passado, quando voltamos a ter eleições, o que se pregava nos palanques e por todos os meios de comunicação disponíveis era mais saúde e mais educação. Os menos favorecidos que hoje sofrem com a violência e são atingidos pela corrupção, também sofreram com o desdém na saúde e na educação. Justiça, porém, seja feita. A educação melhorou. A saúde também, mesmo que o aumento da população, e a falta de acompanhamento por parte dos governos tenham levado a essa amostragem absurda que os mesmos meios de comunicação de hoje nos encontre também menos sensíveis.

Por tudo isso é que se deve saudar, se possível engajar-se, às campanhas que surgem contra a violência e a corrupção. Nesse particular, nunca em tempo algum se viu tanto clamor contra essa agressão que atinge a todos. Há muita sofisticação. Ainda que a tecnologia tenha ajudado a apuração dos fatos apontando, a mesma tecnologia facilita o trabalho dos corruptos e infelizmente se vê o crescimento da violência sem punição.

MAIS TRABALHO

Os governos querem mostrar trabalho. E atualização diante dos problemas. Após cada eleição majoritária e de importância global que se vê são reuniões de grupos capazes de fazer diagnósticos e oferecer caminhos aos novos governantes. Ora, quem pratica a política já conhece nossos problemas. Pode até estabelecer prioridades. Mas o que se nota é todos terem o seu grupo estudos a oferecer soluções para 100 dias, 6 meses, um ano.

Nada se vê de concreto após um período. Mais parece que os administradores fizeram um estágio forçado na administração, ainda que não encontrem soluções exequíveis a curto prazo. A corrupção apontada não é sempre alvo de apuração, há que se ter cuidado. A violência, bem, esta é fruto de maus dirigentes. Aí surge a “herança maldita”, mesmo que tanto tempo tenha se passado e que a herança seja mais próxima do acusador que se quer fazer entender.

Para os dois fatos que se escolheu hoje para lembrar o leitor – a violência, a corrupção, todos sabemos, ganharam proporções absurdas. É hora de os homens (e mulheres) de bem, se darem as mãos, deixarem a demagogia e abraçarem acima da política e dos partidos, causas capazes de ao menos amenizar tamanhas barbáries que se cometem contra todos os brasileiros, claro, atingindo mais os miseráveis de níveis variados.

O autor é jornalista 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.