em

Temporada de caça: o Senado

Basta o senador Álvaro Dias demonstrar com maior ênfase suas queixas para com o PSDB paranaense, sobretudo à sua direção, e já surge sondagem para ele voltar ao PMDB. O noticiário dá conta de que o próprio senador Roberto Requião não só o aceitaria como companheiro, como o ajudaria em pleitos futuros. O senador tucano não esconde suas mágoas, mas desmente que vá deixar de ser tucano. Engraçado é que numa rápida lembrança de outras disputas governamentais, vê-se que José Richa inaugurou a fila de oposição e do PMDB a ocupar o Palácio Iguaçu. Foi sucedido por Álvaro Dias. Álvaro lançou Requião e ficou no Governo para garantir um pleito tranquilo. Roberto Requião foi eleito e substituído por Jaime Lerner. Para a vitória de cada um, seu antecessor colaborou. Requião não trabalhou por Lerner, mas facilitou a eleição do arquiteto porque não fez um governo com maiores destaques. Agora, mesmo com os anos passando sobre cada um dos líderes, tudo pode começar novamente, tendo Beto Richa substituído seu pai José Richa.

         Por que Álvaro voltaria ao PMDB? Porque tem ampla penetração no seu antigo partido. Há correligionários que o carregariam nos ombros se decidisse voltar ao antigo ninho, onde começou sua vida política. Voltaria, também, ou poderia voltar, por não ter colaboração da direção partidária no PSDB. O atual presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni, já se lançou candidato ao Senado, apostando que vencerá Álvaro em convenção e propõe até uma pesquisa entre seus companheiros por todo o Estado, justamente o que desejava Álvaro na disputa pela governança no pleito passado, vencido por Beto Richa.

         Álvaro Dias está no seu mais expressivo destaque à nível nacional, pois é o líder da oposição contra Dilma e Lula. Não há na bancada do PSDB, nem em outros grupos que possam estar querendo fazer oposição ao Governo do PT, alguém capaz da obstinação do senador paranaense no desempenho de seu papel como líder inconteste da oposição. Está com seu colega senador Aécio Neves para a presidência da República. Quer, apenas, como tem frisado, é uma legenda para disputar a mesma função que já exerce pela terceira vez. Álvaro quer ocupar uma cadeira no Senado. A cúpula dos tucanos não lhe querem ceder a vaga, uma só neste próximo pleito de 2014.

         Iria Álvaro para o PMDB, juntando-se a Roberto Requião sobretudo? Difícil, embora em política difícil, mesmo, seja começar a fazer política em que partido for. Depois as coisas se ajeitam, as composições têm marcha e todos se salvam. O senador paranaense, que começou como vereador em Londrina, sabe o que é estar por cima e também amargar o ostracismo. Paciência é o que não lhe falta, embora saiba como tem demonstrado que sua arte de engolir sapos tem limites.

         A sorte, então, está lançada. É Rossoni forçando a barra por uma definição, não se sabendo até que ponto o governador pode manter-se fiel ao objetivo do presidente do legislativo, ainda que saiba o porquê de tanta pressa na eleição que o confirma na chefia daquele poder.

 

Ayrton Baptista é jornalista

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.