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Surto de novos municípios está na contramão da evolução

Neivo Beraldin

 

Quem nunca administrou ou exerceu um cargo público, mas leu as manchetes dos jornais locais ou assistiu aos telejornais nacionais, e achou o máximo a criação de novos municípios no Brasil, visando desenvolvimento e geração de empregos, certamente não entendeu as entrelinhas deste texto-base do projeto de lei que poderá motivar a criação de 400 novos municípios.

 

O texto estabelece as regras de incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios, e ainda determina que distritos podem se emancipar após a realização de um plebiscito. É alarmante saber que existe essa possibilidade, mas, o que conforta um pouco é saber que o projeto terá que voltar ao Senado antes de ir à sanção presidencial.

 

Sendo assim, ainda temos uma chance de livrar o país deste absurdo. Não se cria município do dia para a noite, existe toda uma burocracia, verificação da viabilidade econômica, ambiental e política dessa nova cidade. Um cálculo simples comprova que não é necessário gerar novos municípios. Vejam e analisem de maneira criteriosa e inteligente: quando se estabelece uma média excluindo os 25% dos maiores municípios e 25% dos menores municípios, tem-se a receita necessária de subsistência de vida para um município que atende no mínimo uma população com quase 6 mil habitantes. Não é fácil, não é uma loteria! Estamos tratando de administração, custos, gastos, encargos.

 

Não é justo e nem sábio existir novos municípios sem condições de sobrevivência, e que só irão acarretar problemas administrativos, além de fazer com que os prefeitos corram feito loucos para socorrer as prefeituras. Gente, isso é fato, já ocorre no país, e os municípios paranaenses são amostras dessa triste realidade. Se Curitiba, que é a capital, tem aproximadamente 2 milhões de habitantes administrados por uma única Prefeitura, e os municípios da Região Metropolitana que tem menos do que isso, porque criar novas municipalidades com número reduzido de habitantes e que geram menos receita? Esta medida está na contramão do desenvolvimento urbano, pois hoje já existem 27 municípios, enquanto deveríamos voltar para a década de 70, onde existiam apenas 12 municípios – e olha que já é muito.

 

Atualmente, o nosso país possui 5.568 municípios, e, ao menos, metade não tem condições financeiras para sobreviver, dependendo exclusivamente dos repasses federais e transferências constitucionais para saúde e educação. Trata-se de uma questão política, social, econômica, e volto a frisar que cada município consome 25% da receita só com cargos públicos, que significa mais vereadores, vice-prefeitos, prefeitos e infinitos problemas. Então, para o Paraná, a melhor receita seria a Prefeitura de Curitiba ampliar suas divisas e resolver os problemas dos municípios menores. Temos que debater sim, mas sobre a estruturação das várias localidades com dificuldades de abastecimento e atendimento às populações com relação aos serviços públicos.

 

Com a aprovação deste projeto estaremos indo na contramão da evolução. Vamos para frente Brasil! Chega de ceder às pressões políticas, pois certamente nos bastidores dessa barbaridade existe interesse político e não uma solução para trazer avanços e desenvolvimento.

 

O autor foi Deputado Estadual por seis legislaturas e é o atual superintendente regional do Ministério Trabalho e Emprego/PR.

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