em

Sucupira é aqui (Parte 1)

Sandro Ferreira*

 

Apesar dos quase 200 anos de História e de seu franco desenvolvimento econômico atual, Ponta Grossa ainda se ressente de provincianismo que custa ser superado, seja pela falta de planejamento urbano, pela mesquinhez política ou o descaso de muitos, que ainda não aprenderam nem a jogar o lixo no lixo, acreditando que é normal lançar quase de tudo em vias e passeios públicos. Já era hora de sermos mais civilizados, porém, há algo de sucupirense em nós, por mais difícil que seja reconhecer isto.

Aos que não sabem, Sucupira é a folclórica cidadezinha criada pelo escritor Dias Gomes e imortalizada na dramaturgia nacional em O Bem Amado, da qual não é difícil fazer analogias locais com Odorico Paraguaçu, Zeca Diabo ou Dirceu Borboleta, entre tantos outros personagens inesquecíveis, cuja série televisiva é bem melhor do que a versão cinematográfica. Dito isto, vamos ao que fundamenta o título deste texto.

A cidade foi governada por oito anos pelo ex-prefeito Pedro Wosgrau Filho, de uma forma quase despótica, pois este logrou a sorte de ter dois mandatos consecutivos, com legislativos dos mais subservientes de todos os tempos. Praticamente não existia oposição, mas havia muita omissão. Wosgrau governou em mar calmo e céu de brigadeiro. Talvez por isso, deixou tantas obras inconclusas ou mal-acabadas, além dos desmandos e corrupção que assolaram os cofres do município, sem nenhuma contestação por parte daqueles que deveriam fiscalizar os recursos públicos. Até grande parte da imprensa local, chapa branca por vocação, tapou os olhos para aquilo que hoje é comumente minimizado pela mídia com o eufemismo malfeito.

Há quatro meses, a cidade tem seu novo prefeito, Marcelo Rangel, do qual se esperava não só nomes, mas atos novos, mudança de procedimentos e diretrizes, com ideias modernas, além de uma necessária e bem vinda oxigenação nos costumes da nossa classe política, mas eis que, o novo tem se mostrado tão velho quanto o antecessor, e, diga-se de passagem, não só o Executivo, mas também o Legislativo municipal, cuja renovação só se deu em parte nos nomes, pois de resto, pouco mudou.

A criação de mais de 90 cargos em comissão na Prefeitura, somados aos mais de 230 já existentes, representou não só a falta de memória do prefeito, mas também uma quebra de compromisso eleitoral com aquilo que foi prometido em palanque há pouco mais de seis meses.  Para uma cidade que enfrenta o caos na saúde pública (de mais de uma década, é verdade), a criação de mais cargos para apadrinhados políticos soa como deboche e era tudo o que o prefeito não deveria ter feito. Urge uma correção de rumo, sob risco deste governo envelhecer precocemente.

 

 

*Cidadão ponta-grossensse

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.