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Saúde pública e classes sociais nos Campos Gerais

 

O povo, isto é, os humildes financeiramente, trabalhadores, desempregados, classe média, reclamam das péssimas condições da saúde pública no município. Numa sociedade que ainda não é crítica e cidadã, falta compreender e isto seria revolucionário, é que esse caos decorre da falta de capacidade intelectual, substituída nas gestões neoliberais pelo tecnicismo partidário. Não há filosofia de saúde pública no governo. Isso demandaria exaustiva reflexão sociológica, opções teóricas e concepções a partir do povo como sujeito histórico numa região sem centros universitários possuidores de inteligência.  O ensino universitário em saúde pública reproduz ideias elitistas, retrógradas e a justificar o sistema vigente. Seus docentes, formataram-se, não evoluíram e portam exagerada gratos aos ambiente antissociais nos quais trabalharam por anos. Ao povo nada acrescentam. Falta-nos uma teoria da saúde pública, sem ela, não haverá transformações nesse setor.

As elites dirigentes do município são ignorantes e cruéis, nítida sociedade de classes, com limites marcantes, que as supostas ciências sociais se recusam enxergar em suas teses. A medicina é daqueles bens divinos e mais caros, cujo exercício não se pauta pela humanidade, mas pelo lucro. Saúde pública, bandeira publicitária eficaz, em campanhas eleitorais, os que dela se valem, são os primeiros a nenhum compromisso assumir. A fase dos contatos afetuosos nas ruas e com os pobres é passado.

Havendo dificuldades de contratação de profissionais, os poderes municipais promoverão pública discussão com a sociedade, com a colaboração da imprensa cidadã, com o povo e as entidades de classe, onde os valores justos sejam expostos e justificados ao povo, equilibrando-se entre o pagamento correto e a ganância de alguns. Há quem considere barato cobrar R$ 300 por quinze minutos de conversa. O povo não merece longas filas de madrugada, dificuldade na aquisição de remédios inacessíveis economicamente. Os hospitais públicos carecem de ampliação, melhoramento material e pessoal e para isto, pode o Governo Municipal reduzir cargos partidários, assessorias vãs, aluguéis supérfluos, participação em festas carnavalescas e esportivas. O Secretário de Saúde não deve  administrar a partir de relatórios de terceiros, da clausura do gabinete, mas das visitas a vilas, bairros e distritos, semanalmente.

Uma política de saúde pública que seja educativa, esclarecedora, que integre as áreas de serviço social, educação, psicologia, odontológica e médica. Nosso povo está abandonado, nossas crianças sem esperança, desdentado, subnutrido, sem assistência, largado a míngua aos cuidados inexperientes de familiares e amigos e sem trabalho. Portamos um modelo de saúde excludente, cruel, sem democracia e sem direitos humanos. Temos sido vítimas de gestões burocráticas que recebem e encaminham papéis para Brasília, que ufanam-se em resultados hilários como a carocomida tese dos 95% de aprovação popular de uma saúde que não existe. Saúde é um campo filosófico, sem pensá-la não há como ir adiante. A demagogia comove, mas não altera quadros.

 

Acir da Cruz Camargo é cidadão

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