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Real ou virtual, qual o caminho?

Consuelo Taques Ferreira Salamacha

Internet é realmente instigante. Difícil não admitir que hoje a maioria das pessoas está conectada à rede. De uma forma ou de outra estamos ‘plugados’ seja por um contato virtual através de sites de relacionamento ou por meio de mensagens eletrônicas. A vida me parece tem sido conduzida de uma forma pouco intimista por um lado, mas, por outro muito intimista. Não há como negar que as pessoas hoje não interagem com a proximidade de antes. As conquistas ou tentativas de conquistas se escondem através de uma fotografia. A coragem para o enfrentamento se esvai pelo medo do desconhecido.

Por certo há muita gente insatisfeita, infeliz. Há também gente contente e bem humorada a contemplar perfis supostamente ideais retratados em imagens bem feitas por mãos de experts em produções ‘cinematográficas’. Todavia, a reflexão novamente é a nossa proposta. Até onde podemos depositar confiança em perfis postados na rede? Há pessoas que sequer imaginamos quem são. Há gente disposta realmente a iniciar a amizade virtual. Porém, há quem esteja apenas para zombar, brincar, fazer graça com a vida ou com a realidade da vida do outro.

O mais incrível é que se observarmos, de modo geral, dentro de restaurantes, em shoppings, filas de mercado, em poltronas de teatro, no cinema, enfim, há gente sempre olhando para um minúsculo aparelho e parecendo decifrar os mais diminutos sinais ali inseridos. Há uma infinidade de símbolos e uma linguagem que só quem está habituado reconhece. Não se manuseia um livro impresso com a mesma intimidade que aquela minúscula parafernália.

Os inúmeros modelos lançados no mercado convidam de imediato o ser ávido pelo contato mais rápido e eficaz. Mas, onde ficou a conquista elaborada pelo olhar de revesgueio, pela postura carinhosa, pelo jeito de ser, pela forma de andar, pelo perfume de alguém. Onde restou perdida a arte de chegar de surpresa, de esconder um bilhete em algum canto, ou uma flor surgir do nada… Será que desaprendemos de tudo o que era tido como normal? Será que empobrecemos na arte de encantar gente? Será que a serenata perdeu a graça? As cordas do violão e a voz do seresteiro foram sumindo… A poesia deixou de existir? Ainda há tempo para todo esse encantamento retornar.

Ainda há tempo para o toque das mãos se afastem de um clique em um aparelho e toquem as mãos uns dos outros.

Há tempo para que os olhos aprendam a se voltar para o olhar do outro. A intimidade oferecida através do diminuto aparelho pode ser maravilhosa para promover um contato inicial entre seres que sequer se supunham existir. Mas, seguramente, o mais importante é que não se substitua o encanto da conquista, a química perfeita que existe e se dá somente com a proximidade; verdadeiro imã mágico que nutre o relacionamento entre os seres que se amam.

A Autora é Advogada

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