em

Pizzaria Ana Maria

Sandro Ferreira*

 

Deixo claro que nunca tive nada contra a ainda vereadora Ana Maria de Holleben, pelo contrário, apesar de diferenças ideológicas, tinha relação de respeito com ela e até admirava a sua postura combativa, entretanto, assim como toda a cidade, fui pego de surpresa no primeiro dia de 2013, com a notícia em rede nacional do sequestro da mesma. Temi por sua integridade física assim que soube do ocorrido, mas eis que então, tudo não passava de uma armação mirabolante, arranjada por legítimos aloprados. Quanta decepção a nós ponta-grossensses, que vimos o nome do município ser motivo de escárnio em todo Brasil e notícia negativa até na CNN. Logo depois, os banheiros transparentes do ex-prefeito, só fizeram as piadas tornarem-se ainda mais grosseiras com a cidade, que um dia se orgulhou de ser a Capital Cívica do Paraná, mas que hoje, no máximo, é a capital cínica do Estado.

O fato foi de uma gravidade ímpar, inédito em nossa história e provavelmente também no país. Por tão pouco, a vereadora aniquilou a sua biografia e comprometeu seu partido, que acabara de se reerguer na cidade, através do seu primo Péricles Holleben na última eleição. O que fora reconstruído, é verdade que com muitas mentiras e promessas ilusórias, foi por água abaixo. Acredito que a própria reeleição de Péricles corre um sério risco, pelo terremoto causado por Ana Maria somado ao expressivo número de postulantes que a cidade terá na próxima eleição para a Assembleia. A sangria está aberta e parece que o deputado não está se dando conta do perigo.

Ana Maria teria demonstrado que ainda lhe sobrara uma réstia de dignidade, caso viesse a público e renunciasse ao mandato, porém, orientada por seu advogado e obcecada pelo poder, fez exatamente o contrário. Peitou a tudo e a todos, jogou os escrúpulos na lata do lixo e ignorou até o próprio partido, cujo Conselho de Ética (uma contradição em termos para o PT), só a sentenciou há um afastamento de 60 dias. Reapareceu na Câmara Municipal bronzeada e sorridente, como se nada tivesse ocorrido. Falou grosso e enfrentou a plateia que lhe cobrava satisfações. Seus argumentos foram alegar insanidade mental e depressão no dia 1º de janeiro, mesmo que outro vereador tenha lhe lembrado de que, na madrugada anterior, aparentava lucidez e alegria com copos de destilados e energéticos nas mãos.

A tragicomédia pastelão parece não ter fim, pois a vereadora não admite a hipótese da renúncia e os outros vereadores estão abdicando de suas obrigações, por falta de coragem ou por falta de vergonha. Em qualquer lugar sério, a petista já teria sido cassada por absoluto descaso ao decoro parlamentar e a Justiça se encarregaria de sentenciar uma pena dura, para que servisse de exemplo pedagógico. Mas infelizmente para nós e felizmente para ela, estamos no Brasil. O país onde o absurdo é a regra e a hombridade, uma tolice. 

Pelo andar da carruagem, sugiro às nossas tradicionais pizzarias que acrescente ao cardápio um novo sabor, (amargo, é verdade), Ana Maria com aspargos.

 

*Cidadão de Ponta Grossa.

 

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.