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O “vilão” que forma profissionais e gera receita no Paraná

Jeaneth Stefaniak*

 

No último domingo, o secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Reinhold Stephanes, deu uma entrevista ao Diário dos Campos onde falou sobre o suposto extrapolamento do chamado limite prudencial. Para o integrante da equipe de governo o grande vilão do orçamento seriam as sete Instituições de Ensino Superior (IES) no Paraná. A avaliação do secretário é um dos argumentos do governo estadual para tentar sensibilizar o governo federal em assumir parte do orçamento das IES.

Já na manhã desta terça-feira o editorial do mesmo jornal trata novamente do assunto, sob o título: O Paraná Injustiçado. A publicação se refere ao argumento de que o ensino superior público seria uma atribuição do governo federal e desta forma o peso no orçamento das IES deveria ser ao menos dividido com o governo Dilma.

O argumento do Estado, porém, é falso porque não há exclusividade quanto à oferta de ensino superior, seja para o governo federal ou estadual, embora na prática alguns Estados tenham mais instituições federais que outros. Mas é preciso lembrar que o sistema estadual de ensino, hoje muito forte no Paraná, São Paulo, Ceará e Bahia são importantes para o desenvolvimento de seus respectivos Estados e geram, mesmo que de maneira indireta, muito mais receita do que recebem.

A direção do Sinduepg entende que para além da discussão de quem é o pai da criança e, portanto, deve pagar a conta, é preciso pensar nesta repercussão que o ensino superior tem na economia do Estado. Há estimativas de que para cada Real investido pelo Estado em razão da existência das universidades estaduais, o Paraná tem o retorno de R$1,34 em renda. Perceba que este dado sequer considera o ganho intelectual que este investimento gera, com a preparação de profissionais seja dentro da universidade ou mesmo no impacto que isto tem na melhoria da qualidade de profissionais que estarão no mercado de trabalho.

Vale destacar que a existência das universidades estaduais, o Estado hoje aumenta atendimento na área da saúde, por exemplo, a partir dos hospitais universitários. Os programas de extensão realizam atendimento à população, quer do ponto de vista jurídico, sanitário, de prevenção à saúde, etc.

Assim, indicar que é despesa manter as sete universidades que o Paraná em seu sistema estadual é uma maldade política, já que sem elas o Paraná não teria o mesmo desenvolvimento socioeconômico. E, neste momento, o discurso do secretário parece cair como uma luva na tentativa dos governistas de parcelar em duas vezes a reposição salarial programada para este mês.

É preciso parar com este jogo de empurra! As universidades precisam de governantes que se comprometam com a educação e não daqueles que tratam o assunto como uma disputa partidária. Enquanto isso não acontece, docentes, servidores e estudantes destas instituições só têm a perder.

 

*Presidente do Sinduepg

 

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