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Nova geração de estudantes e a damnatio memoriae

Raríssimo num município avesso, culturalmente, à cidadania e às letras, encontrarmos num diário, comentário de alto nível por aluno da escola pública, como memória fraca de Lucas de Carvalho Morais. Eis aí alguém corajoso e intentando compreender o processo histórico brasileiro com honestidade. Isso não o livra do sensacionalismo  e da especulação, perpetrada em outras épocas como 1944, 1950, 1955 e 1964, traduzindo o esforço das elites anti-populares em deter a emergência do povo brasileiro à superação das injustiças e da ampliação da democracia. Respalda o espírito do autor o contexto local, a vitória da reação nas eleições. Faltou-lhe pesquisa histórica ao tratar da trajetória do PT e do movimento popular.

Seus comentários, dada a qualidade dos conhecimentos proporcionados nas escolas, deixam em aberto, se gostava do PT ético e se percebe no PSDB contemporâneo aquele PT que lhe fascinava. Consta ainda as frases de efeito, proferidas por políticos matreiros, a exemplo dos que não respeitam nações indígenas, movimentos sociais, assassinos do Pinheirinho, sobre o mensalão. O mesmo golpe aplicado contra Vargas, Jango e Lula e que os próprios envolvidos revisam a sua versão. Questão de tempo. O mensalão como pretexto de golpe reacionário no país, não surte efeitos desejados, como em 1964. É preciso acuidade história e busca nos livros e arquivos. Faltou tempo, espaço e vontade ao escritor secundarista para comentar sobre os escândalos do PSDB, emenda da reeleição, privatizações, sucateamento das universidades e da educação pública, demostenismo e mensalão mineiro.

Porém, involuntariamente, o pensamento trai a pena do Sr. Lucas e um recado primoroso fica implícito no artigo e merece atenção. O equívoco do PT  e das demais componentes sociais foi adotar a centenária prática dos partidos tradicionais e conservadores, dos quais o PSDB é subsessão.

É acertada a crítica ao tradicional costume político de prometer quantidades. Mas não menciona as conquistas do povo durante o governo popular, da ampliação das oportunidades, acesso à educação, moradia e saúde. As ruas testemunham as melhorias que  o povo experimenta. A democratização no ensino superior com o   investimento visível em pesquisas, bolsas de aperfeiçoamento e de graduação no exterior, propiciando aos brasileiros pobres conclusão de sua graduação no exterior, desde 1500, privilégio apenas dos coronéis do sertão.

O ponto alto do comentário diz respeito à nação, conceito objeto de acuradas discussões e análises dos anos 1930-1994 e considerado por Collor, FHC, PSDB-DEMO, neoliberais, dignode morte.Ser nacional e nacionalista foram crimes de lesa pátria. Dilma ainda se deixa seduzir por algumas dessas prédicas e o comentarista não se ateve a isto.

 

Acir da Cruz Camargo é escritor

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