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Neocolonialismo Atualmente – Caso Crimeia

Matheus M. Cruz

Durante todo o percurso da história da humanidade os conflitos armados, sejam os mais modernos ou os mais rudimentares, fizeram parte da formação social e econômica, ainda mesmo quando tais conceitos não tinham sentido algum, das comunidades, diretas ou indiretamente, envolvidas. Muitas dessas guerras se fizeram por intervenções militares em países terceiros, uma vez que não havia nenhum tipo de ligação direta, mas sim luta por áreas de influência, sendo justificados esses intrometimentos através de discursos ideológicos buscando defender a liberdade dos povos considerados mais fracos, entretanto não levando em consideração a vontade popular e a cultura do lugar.

Principalmente durante o século XIX houve a grande exploração da África pelos países europeus, de início com grande força a Inglaterra. Interessante observar nesse fato histórico que o discurso aplicado para a justificação da ação colonizadora era primeiramente salvar o continente negro, África Subsaariana, da escuridão em que viviam religiosamente, procurando mudar assim a cultura do lugar e seus costumes básicos como os alimentares e vestimentas. Após esse período simplesmente religioso acrescenta-se o fator comercial à exploração africana e a intervenção sendo feita através da força e do próprio apoio às guerras intracontinentais enfraquecendo assim todo continente.

O neoimperialismo trouxe ao mundo a exploração ainda mais cruel, uma vez que, o que seria a antiga metrópole, mantém os países mais fracos em sua órbita e sem nem mesmo ter investimento na extração dos lucros, mantendo-os como reféns econômicos e sob ameaças de diversas naturezas. Esse modelo de aproveitamento posto em prática pelas potências capitalistas ganhou amplo destaque durante a Guerra Fria, aonde EUA e URSS disputavam o controle do mundo, lutando por áreas de influências e incentivando até mesmo guerras civis para que seus impérios pudessem se manter e se utilizando do discurso das ideologias, comunismo versus capitalismo, e do melhor para os povos vitimados por esse modelo.

Atualmente podem-se notar ainda resquícios claros desse modelo exploratório vigorando no mundo e mais em foco nos dias de hoje está a questão da Crimeia, região de maioria étnica russa, mas que pertence a Ucrânia. Depois de amplas discussões foi feito o referendo que, por ampla maioria, demonstrou a vontade popular de fazer parte da Rússia, entretanto EUA e União Europeia ameaçam o país de Putin a sanções para o bem da unidade territorial ucraína. Deve destacar-se aqui a importância estratégica da região em questão, fazendo com que toda a disputa vá mais além do que simplesmente a consistência territorial, sendo interesse de Rússia, EUA e EU tê-lo como área de influência em sua órbita, provando assim que a demagogia em discursos mundiais permanece viva e justificando a alteração do rumo de nações por outras nações, gerando conflitos diplomáticos e até mesmo militares na geopolítica mundial.

O autor é acadêmico de História na UnC

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