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Menos mortes nas rodovias pedagiadas

João Chiminazzo Neto

Quando se fala em pedágio, logo vem à mente de algumas pessoas o velho discurso político contrário ao sistema, cujo propósito é mais eleitoreiro do que lógico.Esse raciocínio vale para quem usa com frequência ou não as estradas pedagiadas – por isso sinônimo de bem conservadas, seguras e dotadas de infraestrutura de atendimento a emergências médicas e panes mecânicas.

São benefícios usuais no contexto atual mas impensáveis antes de 1998, quando cabia ao poder público a responsabilidade por toda a malha rodoviária. Era o tempo em que não havia o pagamento da tarifa mas, em compensação, os caminhos eram esburacados, com a sinalização em frangalhos ou coberta pelo mato e sem qualquer tipo de atenção aos usuários. E os acidentes – principalmente os fatais – eram muito mais frequentes e sem assistência adequada.

Uma ligeira incursão pelos dados referentes às rodovias concessionadas do Paraná mostra, efetivamente, alguns dos principais benefícios dessa forma de gestão. Nesse período, o número de mortes nas estradas caiu e não foi pouco. O número de óbitos foi 30% menor que o crescimento da frota de veículos e 21% inferior ao tráfego de veículos nas rodovias concedidas. A comparação também revela que o resultado foi 14% menor que o das mortes registradas nas estradas sob gestão do Estado e do governo federal – os trechos que não foram incluídos pelo governo paranaense no Programa Estadual de Concessão de Rodovias. É o que informa recente estudo feito pela consultoria mineira Transitus, do Grupo Tectran.

Esses dados se tornam ainda mais significativos quando se considera o contexto a que eles pertencem. Nos cinco anos em análise, a frota paranaense de veículos cresceu 47% (de 3,43 milhões para 5,04 milhões). O tráfego pedagiado, por sua vez, saltou de 64,37 milhões para 83,92 milhões de veículos. E enquanto o número de óbitos na malha não concedida evoluiu 20% (de 1.219 mil para 1.467), nas rodovias concedidas foi de apenas 3% (subiu de 468 para 483 óbitos).

Em outras palavras, para reforçar o que já foi dito: enquanto a frota e o tráfego nas rodovias pedagiadas cresceu, o número de acidentes fatais foi consideravelmente menor. Desde o início das concessões, há quase 16 anos, isso significa, por baixo 1.300 vidas poupadas e benefícios econômicos de R$ 2,3 bilhões, decorrentes da diminuição da taxa de acidentes e sua repercussão econômica e social.

É evidente que a meta é não termos morte alguma nas rodovias sob nossa responsabilidade e, se possível, acidente algum. Mas se isso é uma utopia – afinal acidentes de trânsito com óbitos preocupam as autoridades públicas inclusive de países com melhores níveis de desenvolvimento que o nosso – não podemos deixar de considerar que essa redução é mérito do regime de concessão rodoviária.

Afinal, é graças a esse modelo de gestão que temos estradas bem conservadas, bem sinalizadas e com a pronta oferta de socorro médico de urgência e também mecânico. Esses diferenciais não existem nos trechos não concessionados. E fazem a diferença no atendimento aos acidentes com vítimas por meio de UTIs móveis com médicos especializados em trauma. No caso das panes mecânicas, a remoção de veículos avariados para local seguro é essencial à prevenção de acidentes.

Esses dados são reais. Eles estão à disposição de quem quiser consultá-los, por meio da CPI do Pedágio, para a qual acabamos de fornecê-los. E precisam ser pesados na hora de fazer uma avaliação isenta sobre o que significa pagar a tarifa: dinheiro que se transforma em asfalto novo, pistas bem projetadas e sinalizadas, melhorias.

E tudo isso ganha forma graças ao trabalho ininterrupto de um batalhão de pessoas de todos os níveis de formação, nas seis concessionárias que respondem por 2,5 mil quilômetros de estradas do Anel de Integração. É gente como nós que, quando se despede do parente ou do amigo que vai guiando para o seu destino, só quer uma coisa: que ele chegue em segurança e torne a nos encontrar muitas vezes.

 

*Diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias para o Paraná e Santa Catarina)

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