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Mais um ano sem perspectivas?

Marcio Pauliki

Os ponta-grossenses receberam uma notícia preocupante nos últimos dias. Uma dívida de R$ 250 milhões deve engessar as ações da administração pública durante todo o ano de 2014. Apenas 5% do orçamento municipal estará disponível para investimentos em áreas prioritárias para a população.

A expectativa de que a cidade se tornaria um canteiro de obras é mais uma promessa que não irá se cumprir. Em 2013, os gastos com dívidas passadas chegaram a 16% do orçamento municipal ao mesmo tempo em que a Secretaria de Obras utilizou 15%. De acordo com a Prefeitura Municipal, R$ 59 milhões são débitos herdados pelas más gestões anteriores. Será que as dívidas deixadas por outros governantes são as únicas culpadas?

A atual gestão conta com 260 funcionários comissionados e apenas três secretarias concentram 20% dos cargos de confiança. Vamos considerar que cada comissionado recebe, em média, R$ 3.000,00 por mês mais 66,3% de encargos. Ou seja, apenas quatro funcionários custam o que equivalente a R$ 20.000,00 por mês para os cofres públicos. Se multiplicarmos esse valor por quatro anos chegamos ao montante de R$ 1 milhão. A redução de 1/3 de comissionados representaria uma economia de R$ 25 milhões em quatro anos. Essa é apenas uma das medidas que poderia ser usada para conter os gastos e sanar as dívidas.

Assim como a dona de casa, a administração pública precisar ter consciência dos valores que irá receber e das contas que terá que pagar para poder planejar o seu orçamento. O Governo do Paraná declarou que, em 2013, arrecadou R$ 700 milhões em ICMS no nosso município, um aumento de mais de 9% em relação ao ano anterior. Infelizmente, os investimentos não cresceram na mesma proporção. Além dos nossos representantes buscarem recursos, é preciso que o governo estadual repasse para a cidade os valores que foram arrecadados aqui. Selecionar áreas prioritárias e direcionar recursos de forma acertada também é fundamental.

Durante todo o ano, foi dada uma perspectiva falsa para a população e parece que só agora nossos governantes tiveram um choque de realidade. Não é possível acreditar que levaram 14 meses para descobrir as dívidas da Prefeitura. Em 2012, uma das minhas primeiras visitas antes de me tornar candidato foi ao Departamento Financeiro para verificar o valor do endividamento do governo municipal. Já nessa época era possível saber que Ponta Grossa teria que arcar com R$ 250 milhões em dívidas. Esses valores embasaram minhas propostas dentro da realidade fiscal que encontraria. Foi conhecendo esses dados que tracei metas possíveis de serem executadas com os recursos disponíveis.

Resolver parte dos problemas financeiros da gestão pública é um dos atributos de nossos governantes. É preciso querer e estar preparado para enfrentar adversidades, pois elas com certeza surgirão. Ponta Grossa precisa de uma liderança afirmativa, que olhe para frente e não se vitimize por questões passadas e que estão lá para serem resolvidas. Espero, sinceramente, que esta gestão possa se encontrar, para o bem da cidade e da população!

O autor é ponta-grossense e administrador

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