Marília Pires de Souza John
Durante anos percebemos a falta de dignidade e caráter por parte dos pequenos grupos dominantes, que na maioria das vezes, são pessoas com um nível de escolaridade e conhecimentos suficientes para serem bons cidadãos, mas que ao contrário do que é aceitável, usam tais benefícios em vantagens próprias, de maneiras egocêntrica e gananciosa. Muitos de nós somos os verdadeiros Jecas do nosso país, pois conseguimos acordar, trabalhar e viver esperançosamente mesmo estando em meio a tanta depravação política, pessoal e espiritual.
Vemos nos templos, ditos sagrados, o abuso da desgraça do outro para acúmulo de bens de quem já os têm em proporção satisfatória, vemos os nossos representantes políticos agirem demagogicamente e sem escrúpulos nenhum, prometendo nos auxiliar e beneficiar a todo o país, uma vez que a realidade é bem outra, é mesquinha, é hipócrita. Pior, vemos o nosso orgulho sendo continuamente ferido e continuamente nos colocamos à disposição de pessoas que nos usam para conseguir de nós, o que seria o impossível nossa ignorância, ou então, nosso descaso e omissão.
Chegou a hora de pensarmos se realmente queremos adquirir aquela calça que a vendedora da loja diz ter ficado perfeita, opondo-se ao espelho que a mostra apertada, cara, e que em nada valoriza o nosso corpo; chegou a hora de sabermos o nosso momento de silenciar e nosso momento de falar; agora é o tempo de realmente entendermos o valor de um sim e o peso do mesmo, bem como o do não, pois apenas quando nos posicionarmos na vida é que veremos os resultados que tanto buscamos. Claro que a longo prazo, pois este aprendizado será feito de forma árdua, afinal não é nada fácil usar o sim quando todos esperam de você o contrário. Posicionar-se é , antes de tudo, estar atento às necessidades próprias em correlação com a do outro, mas nem sempre, concordando com a ação deste mesmo outro.
Temos a capacidade de alcançarmos sim este nível de entendimento, mas para isso, temos de nos lançar a estas mudanças, temos que nos opor de forma drástica a que nos afeta, temos que fazer alarde do que nos faz bem e temos sempre que, sem sombra de dúvidas, nos mostrarmos exemplos para os que virão, para assim, num futuro próximo, podermos ter apenas a literatura nos mostrando os exemplos de falta de caráter e cidadania que existiram um dia num país chamado Brasil.
A autora é professora de Língua Portuguesa e Literatura em Ponta Grossa