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Esporte e saúde pública de mãos dadas

Jean Gaspar

Nesta semana, comemora-se o Dia Nacional da Saúde, em homenagem ao nascimento, em 5 de agosto, do médico e sanitarista Osvaldo Cruz, reconhecido pela sua atuação na saúde pública, contra a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.

A data reveste-se de importância por nos estimular a refletir sobre a saúde pública no país. Como amplamente difundido na imprensa, o Brasil vive uma situação de contrastes. Há cidades onde há médicos, mas não há estrutura. Outras têm postos novos e equipados, mas nenhum médico. Há muita precariedade a ser vencida. Mas há muito o que pode ser feito, sem grandes investimentos públicos, como, por exemplo, na prevenção por meio do esporte.

A prática esportiva é fundamental para saúde. Quem pratica esporte tem muito menos chances de sofrer problemas como excesso de peso, hipertensão, osteoporose, doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade, e até mesmo mal de Alzheimer. Para crianças e adolescentes, há inúmeros benefícios. O esporte, para crianças, aumenta a resistência física, reduz a evolução dos fatores de risco responsáveis por doenças crônicas, desenvolve a habilidade motora e melhora a agilidade e o equilíbrio. Já na adolescência, ao lado dos benefícios físicos, o esporte ajuda – e muito – na melhoria da autoestima, justamente nessa fase marcada pela insegurança com a própria identidade e temores sobre o futuro. Para adultos e idosos, o esporte tem até mesmo um caráter medicinal, pois previne e combate vários males que acometem o ser humano nessa etapa da vida.

Segundo publicado no livro Não é coisa da sua cabeça, sobre doenças da mente, um recente estudo realizado nos Estados Unidos comparou os benefícios de se praticar 45 minutos de atividade aeróbica, como caminhada ou corrida na esteira, três vezes por semana, durante quatro meses, ao efeito do antidepressivo sertralina usado também por 120 dias, no tratamento de homens e mulheres na faixa dos 50 anos que tinham diagnóstico de depressão. A eficácia dos dois métodos foi praticamente a mesma! Isso comprova que a saúde física anda de mãos dadas com a saúde mental. Quem cultiva um físico saudável mantém a mente mais equilibrada.

O esporte tem, portanto, uma dimensão sanitária, tanto biológica como psicológica. Aliada a seu caráter social e educativo, o esporte configura-se como uma importante ferramenta de saúde pública, que contribui para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e diminuição do índice de doenças que pesam no orçamento público. Uma nação mais saudável contribui mais para o desenvolvimento do país.

Ao lado de iniciativas como construção de hospitais, formação de profissionais qualificados e saneamento básico, é obrigação do Estado também difundir a cultura esportiva, com iniciativas públicas como a construção de equipamentos e infraestruturas para as diversas modalidades esportivas. Cabe também ao Poder Público a formação de agentes especializados no atendimento a crianças, jovens, adultos e idosos, além de campanhas orientando a população de modo geral sobre a importância do esporte no cotidiano e, sobretudo a preparação dos profissionais, tanto da saúde como das outras áreas que lidam diariamente com a questão da saúde e do bem estar do cidadão, sobre os benefícios do esporte e da sua indicação como forma de prevenção para doenças graves.

Mas investindo de forma eficiente, criando oportunidades para que todos pratiquem esporte, estaremos contribuindo para a melhoria da saúde e da qualidade de vida do brasileiro. Por isso, o esporte tem que ser tratado como questão de política pública.

O Dia Nacional da Saúde, além de ser um momento de reflexão sobre ações concretas para combater doenças, deve servir também para ações de prevenção. Como diz o velho ditado, melhor prevenir do que remediar. Ou seja, vale investir na massificação do esporte para uma vida saudável.

 

O autor é mestre em Filosofia pela PUC/SP, é apresentador do programa Filosofia no Cotidiano (TV Cantareira) e presidente da Liga do Desporto, entidade que promove atividades físicas e desportivas como instrumento de educação e formação da cidadania.

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