em

Eleições: um novo momento político (XXX)

 

As eleições em Curitiba se apresentam com três candidatos em posições de destaque. Os números das pesquisas indicam: Ratinho Jr. (PSC) 27%; Luciano Ducci (PSB) 27% e Gustavo Fruet (PDT) 23%. Isto significa a certeza do segundo turno provavelmente entre Ratinho Jr. e Ducci.

É difícil explicar a situação de Gustavo Fruet: mesmo com o apoio do PT e do governo federal parece estancar-se no mesmo patamar. Embora tenha baixa rejeição (apenas 9% contra 19% de Luciano Ducci), Fruet parece carregar o estigma de ‘falso petista’. Isto porque não faz muito tempo no próprio Congresso Nacional Fruet disparava sua metralhadora contra as hostes petistas chamado-as de ‘quadrilha de corruptos’. Apenas para lembrar, o ex-deputado federal recentemente trocou o seu partido PSDB pelo PDT e se aliou ao PT. Enquanto o ex-prefeito Ducci mostra na TV que tem boas relações com Dilma, Fruet parece ‘esconder’ o apoio do PT. Além disso, dizem que Lula já afirmou que não vem para o primeiro turno da disputa eleitoral em Curitiba porque é amigo da família de Ratinho. É preciso lembrar que Ratinho Jr. era aliado do PT em todas as eleições no Paraná, mas, foi abandonado pela cúpula petista paranaense. Agora, tudo indica que Ratinho Jr. se encaminha para dar o troco. É admirável a perseverança e a determinação de Ratinho Jr.

Luciano Ducci (PSB) tem o apoio decidido não apenas do governador, mas, da esposa deste, Fernanda Richa. No círculo mais intimo da coalizão PSDB/PSB dois homens dão as cartas: Fernando Ghignone, presidente da Sanepar e Ezechias Moreira, homem da máxima confiança de Beto Richa. O ‘núcleo burguês’ de Curitiba parece que tem quase certeza da vitória. Mas, poderá aparecer um ratinho no caminho…

Em Ponta Grossa os números da última pesquisa indicam Péricles (PT) à frente com 33%; Marcelo Rangel (PPS) 32% e Marcio Pauliki (PDT) com 15%. Observa-se que Rangel permanece numa estabilidade positiva na pesquisa acima dos 30%. Toda estabilidade significa uma estruturação coesa. A novidade é o avanço de Péricles. Pergunta-se: este avanço se deve a uma transformação ideológico/política de sentido progressista da cidade ou é apenas mais uma intenção de votos conjuntural tal como aconteceu em 2000 quando as pessoas elegeram Péricles para supostamente ‘impedir’ a vitória de outro candidato? Outra discussão é o caso de Pauliki. Numa sociedade patrimonialista e conservadora era de se esperar uma intenção de voto mais expressiva para Pauliki (que tem baixa rejeição). Será que também estão ocorrendo mudanças de mentalidade até então impensáveis no seio da própria elite? A abertura das urnas poderá dar algumas respostas àquelas questões. Mas, uma coisa é certa: a burguesia de Ponta Grossa está completamente órfã de um candidato (como Pedro Wosgrau Filho) que encarnou por décadas o pensamento da cidade da melhor maneira possível, ou seja, numa conjunção de patrimonialismo (manda quem tem dinheiro), conservadorismo (não mudar nada politicamente) e individualismo (eu, antes; a massa, depois).                                             

 

Fabio Aníbal Goiris

O autor é cientista político e professor da UEPG

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.