Fabio Aníbal Goiris
Uma análise superficial dos eixos temáticos dos três principais Planos de Governo dos candidatos a prefeito de Ponta Grossa (Marcelo, Márcio e Péricles, nesta ordem alfabética) apresentam semelhanças. Contudo existem diferenças facilmente reconhecíveis. Embora não seja comum o Programa do Péricles, por exemplo, faz uma denúncia ao governo anterior (Wosgrau Filho), aspecto que não é enfocado nos outros dois planos (Marcelo e Márcio).
O plano de governo do Péricles afirma: Em Ponta Grossa, particularmente acompanhamos, surpresos, muitas dessas políticas públicas sendo implementadas de maneira distorcida permitindo sua apropriação por determinados grupos em prejuízo do conjunto da sociedade. Assim, só para citar um exemplo, assistimos a execução do Programa Minha Casa Minha Vida favorecendo mais o mercado imobiliário do que a população pobre, que é deslocada cada vez mais para a periferia criando bolsões de valorização fundiária especulativa. Isto significa certamente uma preocupação desta coligação no que diz respeito ao cabal cumprimento do projeto nacional dos presidentes Lula e Dilma.
De outra parte a palavra sustentável aparece nos programas de Márcio e Péricles e não no do Marcelo. Entende-se por sustentabilidade a preocupação pelos recursos naturais visando satisfazer as necessidades do mundo presente, mas, sem comprometer a solução dos problemas e necessidades das gerações futuras, considerando o processo num longo prazo. É um tema que no mundo atual sempre devem fazer parte de programas de governo.
Por outro lado, o programa de governo do Péricles enfatiza dois temas que se complementam: 1) participação popular e 2) Políticas sociais e ampliação de direitos. Estes dois eixos temáticos são completamente ignorados no Programa do Márcio Pauliki. Este candidato substituiu aqueles processos sociais por palavras como cidade segura, cidade eficiente e cidade de oportunidades (e os temas envolvem segurança, transporte, desenvolvimento econômico, turismo, etc). Por seu lado, Marcelo Rangel utiliza uma palavra mais moderna: cidadania com a qual enfatiza que irá considerar em seu governo Valores… como a Justiça Social, o que significa reduzir as desigualdades sociais e culturais, permitindo oportunidades idênticas para todos. Assim, a ênfase, no combate às desigualdades sociais e à pobreza, está muito clara no programa do Péricles e de certa forma no do Marcelo, mas, não está explicitado no de Márcio.
Neste contexto, saliente-se que na cidade de Ponta Grossa 12.692 famílias (que vivem ainda abaixo da linha de pobreza) poderiam estar sendo beneficiadas pelo Bolsa Família, mas, apenas 7.745 são efetivamente atendidas, restando, portanto, 4.947 vagas não preenchidas. Estes dados demonstram a existência de uma grave omissão no que diz respeito ao atendimento de pessoas, especialmente crianças, que vivem em extrema pobreza.
Em resumo: o programa do Marcelo enfatiza três itens: Cidadania, Estrutura e Desenvolvimento. Já o Programa do Márcio faz referencia a cinco itens: Cidade Sustentável; Cidade Segura; Cidade Eficiente; Cidade de Oportunidades e Cidade da Autoestima. O programa do Péricles enfatiza cinco itens: Desenvolvimento local sustentável; Participação popular; Políticas sociais e ampliação de direitos; Gestão ética, democrática e eficiente; Administração democrática do território.
Os três programas até certo ponto se equivalem uma vez que tratam de temas de interesse populacional, mas, observa-se, pelo menos no papel, um claro reflexo das tendências ideológicas e, sobretudo, programáticas (de tipo partido de massas) nos planos de governo. Esta análise irá continuar, não apenas nesta série de artigos, mas, em toda a imprensa e, logicamente, na cabeça do eleitor.
O autor é cientista político e professor da UEPG.