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Eleições: Um novo momento político (XXV)

Fabio Aníbal Goiris

 

 

As campanhas eleitorais dispendiosas são uma realidade em todo o mundo. Durante a campanha presidencial deste ano Barack Obama, candidato do Partido Democrata e o republicano Mitt Romney poderão gastar um bilhão de dólares cada um. Alguns analistas sustentam que as eleições burguesas são um verdadeiro jogo de faz-de-conta. Ricos e poderosos definem as regras, controlam os meios de comunicação e financiam as campanhas da maioria absoluta dos partidos e candidatos.

Contudo, dentro do sistema político brasileiro não há razão para simplesmente se condenar as campanhas caras. Afinal, é assim que determinam o sistema político e o próprio Código Eleitoral. A legislação atual estipula um limite de 2% do conjunto do faturamento das empresas para doações eleitorais.

No que se refere ao Paraná, o jornal ‘Gazeta do Povo’ do dia 16 de julho de 2012, assinala que a campanha para prefeito nos dez maiores municípios do Paraná pode movimentar cerca de R$ 160 milhões em gastos. Em média, o voto de cada eleitor em forma individual vai custar R$ 55. Paranaguá apresenta a campanha mais cara em relação ao número de eleitores: até R$ 129 por pessoa. Ponta Grossa apresenta paradoxalmente o valor individual mais baixo: cada eleitor custará apenas R$ 29.

Uma análise mais particularizada dos valores a serem despendidos em Ponta Grossa revela alguns detalhes. Os seis candidatos da cidade irão gastar apenas R$ 6.585.000. Um valor semelhante à cidade de Foz do Iguaçu e pouco maior do que Guarapuava, mas, muito inferior de Cascavel que irá gastar mais de 11 milhões de reais. Todas estas cidades citadas têm menos habitantes e eleitores do que Ponta Grossa. Qual a razão de Ponta Grossa apresentar um gasto eleitoral individual tão baixo?

Destes gastos dos candidatos de Ponta Grossa, em torno de R$ 5.000.000 serão despendidos pela coligação do PPS (Marcelo Rangel); em torno de R$ 900.000 pelo candidato do PDT (Márcio Pauliki) e R$ 150.000 pelo PT (Péricles de Holleben Mello). Outros valores indicam que Krystopher Bannach do PCB vai gastar R$ 500.000, Alfeu Mansani do PRTB R$ 20.000 e Leandro Santos Silva do PSOL R$ 15.000. O total de gastos seria então de R$ 6.585.000.

Ao fazer a divisão matemática desses gastos estimados pelo número de eleitores de Ponta Grossa obtêm-se o valor R$ 29 por cada eleitor. Este valor é o mais baixo do Paraná. Cidades com menor número de eleitores como Guarapuava apresenta um valor individual de R$ 34 (valor igual a Foz de Iguaçu). Isto sem falar em Cascavel cidade com menor número de eleitores do que Ponta Grossa, onde cada eleitor custa R$ 54. Cidades de maior porte apresentam valores elevados para cada eleitor: Londrina R$ 43 por cada eleitor (com gasto de 15.340.000) e Maringá 53 reais por eleitor (com gasto de 13.520.000). 

Uma reflexão – dentre várias possíveis – faz pensar que ao invés de representar uma poupança ou contenção econômica da campanha política ponta-grossense, o valor de R$ 29, por cada eleitor (longe da média de R$ 55), estaria mostrando certa involução do sistema político local onde o voto e a presença do eleitor durante o sufrágio não requerem outros condicionantes além do desempenho normal das campanhas. Um tema a discutir.

 

 

O autor é cientista político e professor da UEPG

 

 

 

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