Fabio Anibal Goiris
Tanto em Ponta Grossa como em Manhattan, há um fenômeno político que avança na tentativa de consolidar uma visão neoconservadora da sociedade: trata-se do discurso da nova direita. No cenário político brasileiro, verifica-se um relativo declínio do Democratas DEM (antigo Partido da Frente Liberal PFL) e do próprio Partido Progressista PP. Embora ambos os partidos neguem uma identificação aberta com a direita, são partidos políticos conservadores. O DEM e o PP são descendentes ideológicos da Aliança Renovadora Nacional (Arena), que dominou o país durante a ditadura militar.
Neste contexto, observa-se um espaço vazio na tradicional direita brasileira que certamente será preenchido pela denominada nova direita. Há um espaço livre para o ressurgimento de uma neodireita liberal. Existem atualmente pelo menos três correntes ou agremiações da nova direita: 1) o Partido Federalista, 2) o Liber e 3) o Novo. Inseridos todos dentro dos preceitos da ideologia liberal, são defensores do Estado mínimo, da livre iniciativa e do direito à propriedade. Estas três agremiações direitistas se colocam em aberta oposição ideológica aos modelos de gestão adotados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sigla enraizada na esquerda socialista.
É óbvio que, no Brasil, é difícil denominar uma agremiação política como sendo puramente de direita ou de esquerda. Há nuanças e perfis diferenciados. Por exemplo, o Partido Progressista (PP) é parceiro dos petistas (PT) e comanda o Ministério das Cidades desde o primeiro mandato do governo Lula. Além disso, o governo Lula, estrategicamente, adotou medidas econômicas bem próximas à direita. Seja como for, o que aqui se discute é o surgimento no Brasil uma nova direita. Neste contexto, o cientista político Marcos Cintra que disse na Gazeta do Povo (07/04/2012): Há um novo público que se identifica com os princípios da direita e que defendem a competição e o darwinismo social. A direita tem o seu público, mas ele não é muito grande, diz Cintra. Segundo ele, há um equívoco ideológico entre setores liberais que, ao mesmo tempo em que defendem menos impostos, beneficiam-se com políticas governamentais. É o caso do empresariado beneficiado com as recentes medidas da política industrial. Este é o problema pernicioso da direita brasileira.
De qualquer modo, é possível traçar o perfil destes três novos partidos de direita (Federalista, Liber e Novo). O Federalista fundado em 1999 se diz de centro-direita (se é que pode ser usada esta classificação) e defende a descentralização administrativa do país. Por seu lado, o Liber nasceu em 2009 e envolve ultraliberais que defendem a liberdade individual e que o Estado deve participar apenas na segurança pública. Por fim, o Novo, fundado em fevereiro de 2011 é uma agremiação de direita que também defende o Estado Mínimo, nos moldes definidos pelo cientista político americano Robert Nozick. Conclui-se, entretanto, que toda essa propaganda/promoção alardeada pela direita parece não incomodar em absoluto as trincheiras da esquerda.
O autor é cientista político e professor da UEPG