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Eleições: um novo momento político (IX)

                Eleições: um novo momento político (IX)

                Fabio Aníbal Goiris

                A atual legislação eleitoral brasileira e a Constituição Federal de 1988 permitem a existência das mais diversas agremiações políticas no Brasil. Com o fim da ditadura militar (1964-1985), vários partidos políticos foram criados e outros, que estavam na clandestinidade, voltaram a funcionar. Contudo, a vida pública desses partidos vem sofrendo um desgaste poucas vezes verificado. Supõe-se que os mais virtuosos e democráticos irão sobreviver, os outros, certamente irão amargar o ostracismo e a morte.

                Primeira Tese: Mobilização fora dos Partidos Políticos: Cidadãos do mundo inteiro (especialmente os jovens) consolidam a Internet como instrumento alternativo de mobilização social. No Egito, por exemplo, a imagem da Praça Tahrir tomada por manifestantes organizados pela Internet tornou-se símbolo da queda do ex-presidente Hosni Mubarak e outros ditadores. No Brasil, em proporção ainda reduzida, o poder de mobilização das redes sociais já é uma realidade. O DataFolha realizou uma pesquisa onde 71% dos entrevistados (1200 jovens com idade entre 18 e 24 anos) disseram que é possível fazer política sem intermediários, sem os partidos políticos. Assim, por fora dos partidos realizaram-se marchas e protestos como o chamado ‘churrascão de gente diferenciada’ em São Paulo, contra moradores de Higienópolis, que fizeram oposição à construção de uma estação de metrô. Os partidos políticos estariam, pois, perdendo terreno aos olhos da Sociedade Civil.

                Segunda Tese: Mobilização dentro dos Partidos Políticos – Em resposta à crise que atinge os partidos algumas agremiações políticas vêm mudando de estratégia e de proposta. O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, está reformando seu estatuto. O texto já começou a circular entre os petistas. Uma das novas propostas do partido consiste em impor uma taxa de mesmo valor a todos os filiados, sem considerar ocupação ou nível de renda. Hoje, a contribuição é proporcional ao salário que cada filiado declara receber. O objetivo fundamental do PT é cobrir o rombo nas contas oriundas de campanhas políticas que chega a 42,7 milhões de reais. É preciso lembrar que o PT tem cerca de 1,4 milhão de filiados. Se a taxa for equivalente a 1% do salário mínimo (em torno de 65,00 reais por ano) a arrecadação chegaria a 91,5 milhões de reais por ano – mais do que o dobro da dívida atual do partido. Além da ‘taxa única’, o PT manterá o dízimo, cobrado de militantes que ocupam cargos públicos eletivos ou comissionados. Outra estratégia do PT consiste em ampliar de 30% para 50% a cota de mulheres nos cargos de direção, inspirados certamente na destacada performance de Dilma Rousseff.

                Conclusão: Para as próximas eleições no Brasil (e em Ponta Grossa, certamente) ambas as formas de mobilização política serão de grande validade. Mas, como incentivar as redes sociais a pensar/agir eleitoralmente?. No que se refere ao partido político este representa a tradicional associação de indivíduos organizados formal e legalmente, com base em formas voluntárias de participação, visando influenciar ou ocupar o poder político. O PT se insere entre os poucos que ‘cumprem’ a cartilha dos grandes partidos progressistas o que pode levá-lo ao êxito nas próximas eleições. Mas, mesmo o fracasso não terá sido por falta de ação ou de visão de futuro. Disto resulta que as críticas recebidas pelo PT são geralmente inócuas e o caminho trilhado parece sempre estar recebendo de Karl Marx a célebre explicação: o que deve prevalecer por cima do embate ideológico ordinário é a dialética.

 

*O autor é cientista político

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