– Temos indústria?
– Estão em formação.
– Temos boa viação?
– Temos a melhor do Estado, além de outras que fatalmente virão.
– Temos comércio?
– Em franca prosperidade.
– Quantos jornais? São diários?
– Não temos nenhum. Já tivemos alguns, mas acabaram.
– Então não há progresso em sua terra!
Conversa narrada por Jacob Holzmann, em uma das inúmeras viagens pela hinterland, no início do século XX.
A imprensa em Ponta Grossa começou a surgir no final do século XIX com algumas tentativas de publicações de periódicos. Eram publicações que circulavam apenas uma vez por semana: “O Precursor”, “Campos Gerais” (1890 e 1893) e “O Pontagrossense” (1895 e 1899). Algumas folhas literárias de circulação incerta: “Jubileu Operário” (1903), “Ponta Grossa”, “Luz Essênia”, “O Pigmeu” (publicação satírica) e “O Comércio” (1894).
O Progresso
Em 27 de abril de 1907 circulava o primeiro jornal verdadeiramente voltado às questões da cidade: O PROGRESSO. Inicialmente era semanal. Nasceu em um pequeno quarto da casa de Manoel Cyrillo Ferreira na Rua 7 de Setembro, idealizado pelo imigrante russo alemão Jacob Holzmann. No início, Jacob Holzmann contou com grande apoio de Eliseu Campos Mello para colocar em prática um projeto audacioso para a época.
Em 1908 é instalada a oficina de tipografia do jornal no antigo depósito da firma Carlos Luhn &Cia, na Rua Dr. Collares, passando a ter 3 edições semanais. Em 14 de junho de 1908, Jacob contrata Hugo Mendes da Borja Reis como redator literário. Em 1910 Hugo Reis se torna redator chefe. Em 14 de julho de 1911 Jacob devido ao grande número de empreendimentos que cuidava e com a inauguração do Cine Teatro Renascença, deixa o jornal sob o comando de Hugo Reis. A proposta desde o início foi a de ser uma publicação destinada a lutar pelas reinvindicações justas da população.
Primeira edição do Diário dos Campos
No final de 1912 houve a mudança do nome. Em 1 de janeiro de 1913 circulou a primeira edição com o nome de DIÁRIO DOS CAMPOS. Com o subtítulo de “Ex-O Progresso”. Eram acionistas, nessa época, Francisco Búrzio, Eliseu Campos Mello, Antonio Pedro e João Hoffmann Jr. Outros jornais surgiram, mas como diz Epaminondas Holzmann em sua obra Cinco Histórias Convergentes (no capítulo A Pena), “não deram mais que manteiga em focinho de cachorro…”
Foi nessa época que a Companhia Tipográfica Pontagrossense assumiu a editoração do jornal por curto período. Em 1915 Jacob Holzmann deixa definitivamente o jornal, presenteando Hugo Reis com suas ações, sendo seguido por Francisco Búrzio que faz o mesmo.
Em 1921 o subtítulo “Ex-O Progresso” some do cabeçalho iniciando uma grande polêmica na cidade. Alguns achavam que era iniciativa de José Cadilhe, então Redator Chefe, uma tentativa de descolar o Diário dos Campos do jornal que havia sido fundado em 1907. Chegou-se ao ponto de se instituir uma comissão julgadora para avaliar o caso, sendo composta por várias personalidades da cidade, capitaneadas por Brasil Pinheiro Machado que ocupava a prefeitura. Chegou-se à conclusão de que era o mesmo jornal cabendo ao acusado de iniciar a discussão vaticinar o resultado:
“Jacob Holzmann é o pai da imprensa local. Criação dele, o hebdomadário O PROGRESSO, do qual fez mais tarde DIÁRIO DOS CAMPOS”.
(José Cadilhe, 14 de março de 1929).
O mais antigo jornal da cidade se confunde com a história de grandes personalidades, de importantes políticos e dos principais acontecimentos dos Campos Gerais, ao longo dos 116 anos que existe, registrando e marcando nossos dias até o bicentenário de Ponta Grossa.
*Cinco Histórias Convergentes, de Epaminondas Holzmann, Edição Papelaria Requião Ltda., Curitiba (1966).