em

Desprendimento

Consuelo Taques Ferreira Salamacha

Há alguns dias me preparo para este escrito. De fato, escrever nos coloca em reflexão profunda. Não é apenas uma questão de querer, de desejar escrever algo; é mais que isso, é vulnerar a alma por vontade própria e abrir o coração ao acaso. É, em meu sentir, a busca pelo invisível e pelo inexplicável. Um estado de espírito que prende nossa mente a algo que nos parece ser intocável.

Estamos nos aproximando de mais um final de ano. E inevitavelmente as dúvidas, as ansiedades, as incertezas nos correm pelas veias. Medo e coragem são sentimentos antagônicos e, curiosamente, os carregamos nas entranhas em um mesmo momento. Lucidez e loucura nos atormentam dia e noite. Uma sensação de sono incompleto. Mas, isso faz parte da vida. E me refiro à vida que temos neste momento.

Ter a oportunidade de fazer coisas maravilhosas por gente que não se conhece e com isso inebriar o espírito. Estar perto de mais um final de ano e sentir um desprendimento absoluto é muito gratificante, dar sem esperar receber qualquer notabilidade de pensamentos ou ações, enfim, viver a vida em plenitude. Nós somente observamos nossa pequenez diante da imensidão da Grandeza Divina.

Outro dia observava o céu e nele um avião. Dentro daquele compartimento pessoas e suas histórias, todos carregados com seus desejos, seus sonhos. Um instrumento a levar gente a outros lugares para desenvolver alguma atividade que certamente tocará outras vidas. Assim somos nós. A cada dia, em cada movimento, em cada atitude movemos o interior de alguém. Alteramos a rota, projetamos alegria, contribuímos com projetos de vida. Não há para nós qualquer sentido nessa caminhada empreendida com sentimentos paradoxais que a vida nos separe da verdadeira vida! Mas isso se dá. Entretanto, em aqui estando, somos seres que necessitamos estar em contato. Realizar pelo outro, fazer para alguém. Somos seres que através de um trabalho sério nos preparamos para a vida depois da vida. Um período que nos coloca em cheque conosco mesmos e nos remete à introspecção absoluta. Desta feita, meu caro leitor, meus caros amigos, antecipo um pouco nestes rabiscos dos anseios de uma alma temerosa, cautelosa, mas, sobretudo, de muita coragem e amor à vida e o faço como que em um convite a novos desafios, a novos embates; à continuidade desta luta de esgrima com o ser invisível que na verdade é o espectro de nós mesmos e que por vezes nos diz vá ou não vá, faça ou não faça. Os riscos e os resultados sejam eles bons ou ruins dependerão única e exclusivamente da nossa paciência, da nossa serenidade e da nossa coragem para enfrentar essa magnífica parada!

A autora é advogada. 

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