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Copa sem legado

 

A Copa do Mundo de 2014 chega ao seu último dia com uma final absolutamente trágica para os torcedores brasileiros do esporte chamado futebol. Alemanha e Argentina disputarão a taça no Maracanã, na segunda Copa que o Brasil sedia. Dói só de pensar. Afinal, que fúria é essa dos deuses do futebol contra nós?! Já não nos bastava o Maracanazzo?! O que fizemos para merecer uma final disputada por nossos maiores rivais, os hermanos, contra aqueles que acabaram de nos infligir a pior derrota de todos os tempos na história do futebol nacional, diante de mais de 55 mil brasileiros, testemunhas oculares do massacre do Mineirão, o Mineiraço, e, outros duzentos milhões que acompanharam pela televisão, além do restante do mundo?!

Muito difícil saber o porquê desse castigo impiedoso, porém, o fato cruel trouxe a tona o que uma cortina de fumaça tentava ocultar, se valendo da euforia da torcida verde e amarela pela seleção. Tanto a CBF, quanto a Fifa e o governo Dilma (PT) esperavam que o hexa viesse para o Brasil, para que então o tal ‘legado da Copa’ fosse esquecido na alegria proporcionada pela conquista da taça. Mas em campo havia a Alemanha e tudo desmoronou tal qual já prenunciava o viaduto de Belo Horizonte, obra do PAC da Copa, matando esmagados dois brasileiros que somente cumpriam o seu dever.

A Copa que Lula comprou e vendeu junto com Ricardo Teixeira custou ao país quase R$ 40 bilhões, sendo que até hoje mais de 60% das obras de infraestrutura anunciadas, sequer iniciaram. O estádio Mané Garrincha do Distrito Federal, governado por Agnelo Queiroz (PT), com suas inexplicáveis cadeiras vermelhas, custou mais de R$ 2 bilhões, três vezes mais do que a média. A Copa 2014 no Brasil custará mais do que as duas últimas juntas, na África do Sul e na Alemanha. Só a Fifa lucrou mais de US$ 5 bilhões com esta Copa. Empreiteiras do capitalismo de Estado brasileiro também estão sorrindo a toa, apesar dos nove operários mortos na construção dos estádios. Quem lembra? 

A Copa das Copas foi surfada pelo governo até o fatídico e histórico 7 a 1 de 8 de julho de 2014, mas agora, o plano do Palácio do Planalto é Dilma se descolar do fiasco da seleção, afinal, a realidade se impôs e os brasileiros começam a se questionar: a festa acabou e só sobrou a conta para nós? Parece que sim.

Em uma Copa que assistimos um futebol bem acima da média em relação às últimas, apesar das mesmas arbitragens bisonhas de sempre. Aonde presenciamos pequenas seleções se agigantarem e um gigante se apequenar, ou melhor, amarelar. Fartura de emocionantes prorrogações e decisões por pênaltis. Belos gols às dezenas e torcidas encantadoras… Também vimos vaias e xingamentos sinceros, mesmo que feios. Constatamos como funciona a máfia de ingressos da Fifa. Vimos até a nossa seleção não ver a cor da bola numa semifinal mundial. Enfim, viu-se tudo e mais um pouco nesta Copa do Mundo de futebol. Só não vimos até agora, onde está o legado.

 

Sandro Ferreira, cidadão brasileiro

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