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As salas de cinema e a revolução dos estádios no Brasil

 

Nos próximos dois anos a indústria do entretenimento passará por mudança profunda no Brasil. Serão erguidos pelo menos 14 novos espaços de lazer, contando os estádios de futebol que estão sendo reformados e construídos para a Copa de 2014 e os projetos próprios dos clubes Palmeiras e Grêmio. Isso significa mais de 700 mil lugares disponíveis, oferecidos a partir dos mais altos padrões de conforto, segurança e qualidade, com possibilidade de utilização não só para o futebol, mas também para uma série de outras atividades esportivas, de lazer ou de negócios.

A arena multiuso, como é chamada esse tipo de instalação, representa um novo conceito para o padrão do entretenimento brasileiro. Mas é antes de tudo uma oportunidade de desenvolvimento do futebol como espetáculo. A média de público do último Campeonato Brasileiro foi de meros 15 mil espectadores, o que significa menos da metade da sua capacidade total utilizada. Segundo a Pluri Consultoria, esses mais de sete milhões de ingressos que não foram vendidos em 2011 representam mais de R$ 200 milhões não arrecadados pelos clubes mandantes. Para efeito de comparação, os jogos do Campeonato Inglês possuem público médio de 34 mil pessoas, ou seja, os estádios estão sempre com 92% de sua capacidade ocupada. Em termos de receita, cada clube inglês arrecada R$ 84,5 milhões na temporada, cerca de três vezes mais do que o clube brasileiro que mais arrecadou com bilheteria em 2011.

O resultado é que enquanto nos clubes europeus a receita com dias de jogos representa 20% do seu total, no Brasil esse número é de apenas 7%.

O fato de o Brasil passar a ter estádios novos, construídos ou reformados a partir das mais altas exigências técnicas do mercado, indica que o público de futebol deve aumentar bastante nos próximos anos. Até porque a renda per capita das famílias brasileiras apresentou forte expansão na última década – cresceu 23,5% de 2001 a 2009, o que significa mais dinheiro disponível no orçamento para gastos com entretenimento e lazer. Assim, deve aumentar não só a quantidade de público presente nos estádios brasileiros, mas também o gasto médio de cada torcedor. É um fenômeno parecido com o que ocorreu com as salas de cinema do País: há alguns anos eram espaços antigos, com baixa qualidade de exibição e consequentemente pouca presença de público; atualmente vendem quase 144 milhões de ingressos por ano (em 2002 esse número era de 90,8 milhões). E o mais interessante é que esse crescimento de público se deu ao mesmo tempo em que o valor do ingresso aumentou 71% no período, de acordo com dados da Ancine – Agência Nacional do Cinema.

 

Como em qualquer setor da economia, os consumidores estão dispostos a pagar mais por um serviço desde que haja um padrão adicional de qualidade, conforto e segurança. As novas arenas esportivas podem entregar esse valor superior de serviço ao grande público e se tornar de fato mais uma opção de lazer para a família brasileira.

 

* Fernando Trevisan é pesquisador e consultor da Trevisan Gestão do Esporte

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