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Além das Olimpíadas: a arte de saber ouvir e acreditar no esporte

TOKYO, JAPAN - JULY 23: A general view inside the stadium as the Tokyo 2020 Logo and Olympic Rings are seen prior to the Opening Ceremony of the Tokyo 2020 Olympic Games at Olympic Stadium on July 23, 2021 in Tokyo, Japan. (Photo by Richard Heathcote/Getty Images)

Há um antigo ditado alemão que diz que “todo homem é o arquiteto de sua própria sorte”. Essa é uma definição sucinta, mas muito apropriada, para resumir a carreira de um então jovem piloto que estreava na Fórmula 1 no ano de 1991. Nascido em Hürth, uma pequena cidade na região de Colônia, na Alemanha, o rapaz fora moldado pelas categorias de base da Mercedes, gigante montadora automotiva alemã, quando, aos 22 anos, teve a chance de estrear na categoria máxima do automobilismo, ao lado de lendas como Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet.

Era uma oportunidade única e extremamente improvável para o ilustre desconhecido, que “caiu em seu colo” apenas porque um dos pilotos do grid, Bertrand Gachot, havia se envolvido, meses antes, em uma briga de trânsito em Londres, sendo condenado e preso pela polícia inglesa. Atenta à grande oportunidade de se recolocar no mercado bilionário da Fórmula 1, a Mercedes, patrocinadora do jovem alemão, abriu negociações com a Jordan e “comprou” a vaga na equipe, para que seu prodígio pudesse estrear na F1 naquele fim de semana. Anos depois, o jovem, de nome Michael Schumacher, se tornaria o que muitos consideram “o maior piloto de todos os tempos”, ao conquistar 91 vitórias, sete títulos mundiais, e se alçar ao cargo de maior ídolo da Ferrari.

Mas essa história inspiradora poderia não ter acontecido, caso uma das maiores corporações da Alemanha não tivesse investido tempo e dinheiro em um talento local, que precisava de “um empurrãozinho” na carreira. Felizmente, esse não é um caso isolado no mundo esportivo, mas a proporção ainda é consideravelmente pequena, quando analisamos o impacto e os benefícios de apoios não só na vida dos esportistas, mas também na realidade de comunidades por todo o mundo, que buscam em marcas bem sucedidas uma identificação com o lugar em que vivem. Para as marcas, então, as vantagens são inúmeras, pois faz com que seu público as encare de forma mais humana e próxima – uma das mais bem sucedidas estratégias de marketing.

Em tempos de falar de ESG (sigla para environmental, social and governance, ou ambiental, social e governança, em português), olhar para fora da empresa também faz parte do processo. O que é social senão a participação da instituição nas necessidades da sociedade? E o que une mais a sociedade do que um suas referências esportivas? É hora de as empresas entenderem que, além de clientes, estão do lado de fora pessoas que esperam por um incentivo para acreditarem nos seus sonhos.

O esporte é o espelho da cultura do povo e cabe às empresas entenderem a relevância de apoiar aquilo que faz parte da identidade da sociedade. Dar suporte a modalidades esportivas, atletas e equipes é estampar, em forma de investimento, o orgulho que as empresas têm de também estarem ao lado de uma das grandes paixões do povo e de contribuir para sua evolução e desenvolvimento. Assim como qualquer setor da economia, o esporte precisa de pessoas dispostas a investirem no seu sucesso e terem como retorno o êxtase de novas conquistas, a vibração com novos recordes e a satisfação de fazer parte de uma conquista que é sempre coletiva.

E para buscar bons exemplos, não precisamos nem mesmo sair do Brasil. A ginasta curitibana Júlia Soares é um desses casos. Ela está próxima de homologar um elemento da ginástica artística. A entrada na trave, que levará o nome “Soares”, irá carregar também o nome Brasil e daqueles que estiveram ao seu lado para o código de pontuação da Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Por trás do feito de Júlia estão infinitos profissionais, familiares, amigos e também apoiadores, que olharam para ela com os olhos de quem acredita na construção de um sonho desde o primeiro minuto. De quem sabe que só se alcança o topo após uma longa subida, recheada de percalços e desafios. Mas que sabe que, no fundo, nada paga – e nem apaga – o brilho do sorriso de quem chega lá! 

O autor é CEO da Neodent e EVP do Grupo Straumann da América Latina

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