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A vida continua

Ayrton Baptista

Seis ministros demitidos, cinco por supostas irregularidades, em apenas dez meses de Governo. Todos cozinhados em água morna até não mais poderem sustentar-se. Quem milita na política sabe os momentos constrangedores para todas as partes quando tais fatos estão ocorrendo. Não foram nomeados sem apadrinhamentos, sem indicações de poderosos, sem herança. Só o de Turismo era coisa nova, isto é, só indicação nova, conforme recomendação do ex-presidente José Sarney, que indicou o sucessor, para variar.

Nove governadores entre os 26 estão sendo julgados pelo Superior Tribunal Eleitoral, acusados de uma série de irregularidades desde a eleição de 2010. O do Paraná não está citado. Já o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, aquele que deixou o PCdoB para afiliar-se ao PT, é tido como o verdadeiro gerador na arte de arrumar ONGs para ajudar o antigo partido, o mesmo de Orlando Silva e Aldo Rebelo. Silva foi secretário executivo do Ministério quando Queiroz respondia pela pasta.

Em Curitiba, a nova direção da Assembleia Legislativa encontra uma série de problemas que apura com a ajuda de instituições voltadas aos exames de falsificações de modo geral, aí incluindo-se funcionários e parlamentares, aqueles todos dependentes destes últimos.

Na capital, a velha direção da Câmara Municipal, está tendo que se virar para mostrar que não tem ligações efetivas com privilégios ostentivos para vereadores e cabos eleitorais dos atuais e antigos representantes do povo.

A presidente Dilma Roussef chegou ao ponto de mandar suspender por algum tempo os repasses de verba aos convênios com as ONGs, ressalvando, é natural, aquelas que comprovarem atuação pelo bem dos outros e não dos seus próprios fundadores. Há ONGs honestas? Claro, sem dúvida. Mas ficaram manchadas, esborrifadas pelos malfeitos de políticos desonestos que falsificaram documentos, que usaram parentes e afilhados partidários com o objetivo de ajudar e ajudar-se.

O panorama é este, possivelmente não o mais horripilante. Um “convênio” sobre obra em construção país afora, um só, pode superar em desperdício financeiro mais do que se falou nos últimos dias. Mas isso não importa tanto, já que nós mesmos criamos o ditado de que “quem faz um cesto, faz um cento”. E vamos que vamos, cada vez avançando mais nos cofres públicos.

Há políticos honestos? Claro, sem dúvida. Talvez mais no passado do que nos dias de hoje. Ou seria falta de divulgação, como hoje ocorre com a maior farteza?

Seja como for, deixemos as pesquisas para os organismos que sabem apontar e apurar as safadezas dessa gente. Cuidemos nós da boa escolha nas eleições, aprofundando-nos no exame de cada nome posto à nossa disposição para ocupar este ou aquele cargo, tanto nos postos executivos como nos legislativos.

Há muita gente séria por aí. E é antiga a indisposição de gente de bem em participar da política, de disputar eleições, de ocupar funções importantes na condução dos negócios ligados ao Estado, no planalto e na planície.

É de se confiar em quem bate na mesa jurando honestidade. Mas não custa ficar de olho. Em algumas vezes, infelizmente, é só para manter a pose.

O autor é jornalista 

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