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A repercussão do caso Lindemberg Alves

Andréia Gaspar Soltosk

Não raro casos de grande repercussão pública sacodem o nosso país. Ontem, dia 13 de fevereiro de 2012, iniciou o julgamento de Lindemberg Fernandes Alves, acusado de, no dia 13 de outubro de 2008, quando possuía 22 anos de idade, ter invadido o domicílio da sua ex-namorada, Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, em Santo André, na grande São Paulo, gerando desdobramentos trágicos. Na oportunidade, a adolescente estaria em casa com alguns amigos realizavando trabalhos escolares. Inicialmente dois reféns foram liberados, restando no interior do apartamento, em poder do sequestrador, Eloá e sua amiga Nayara Silva.
Foram dias tensos e de ampla divulgação na imprensa. Em pouco tempo Lindemberg era a pessoa mais citada na mídia, do anonimato direto às primeiras páginas dos jornais, enquanto Eloá era a mais nova queridinha da população brasileira, a qual prestava toda a solidariedade possível aos pais da vítima através dos meios de comunicação, é claro.
No dia 14 de fevereiro, começaram as negociações para liberação das vítimas e, na mesma noite, o acusado liberou Nayara Rodrigues, 15 anos, amiga de Eloá. Já no dia seguinte, a estratégia da polícia paulista foi de mandar Nayara novamente ao apartamento para continuar as negociações.
Após mais de 100 horas de cárcere privado, policiais do GATE e da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo explodiram a porta do apartamento dizendo, posteriormente, terem ouvido um disparo de arma de fogo no interior do mesmo. Há relatos de que houve luta corporal com o acusado que nesse momento atirou em direção das reféns.
Ferida, Nayara, deixou o apartamento andando, em contrapartida, sua amiga, Eloá levou um tiro no rosto e teve que ser carregada em uma maca e inconsciente foi levada para o Centro Hospitalar de Santo André. Lindemberg foi preso e hoje é mais um morador ilustre da Penitenciária de Tremembé.
Esquecido em Tremembé, junto com tantos outros famosos, ontem Lindemberg voltou a ser a notícia mais vendável, estampada novamente nas primeiras páginas. Já se presume a condenação. É certa toda a sua repercussão até que novamente se apaguem os holofotes ou se voltem para um novo anônimo que por algum tempo, aquele de interesse vendável, terá os quinze, ou mais, minutos de fama nas primeiras páginas e nas principais chamadas.

Andréia Gaspar Soltoski é advogada, professora de direito penal e processo penal no Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, mestre em ciências jurídico criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra – Portugal.

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