Fabio Anibal Goiris
Alguns poetas da cidade de Ponta Grossa, embora de vida física efêmera, marcaram o seu tempo com um legado que sobressai paradoxalmente pela simplicidade. Mas, trata-se de uma simplicidade apenas aparente, a profundidade e o alcance dos seus versos ecoam e marcam até hoje. Este é o caso da poetisa Thereza Cristina Pusch. Licenciada em Letras, Mestre em Teoria Literária e professora do Curso de Letras da UEPG, a autora recebeu Menção Honrosa no Primeiro Concurso de Contos da UEPG.
O único livro de poemas escrito por Thereza Cristina Pusch, Procura do Azul, publicado pela Editora da UEPG em 1980, recebeu os aplausos de público e de crítica. No que se refere à crítica Atilio Butturi Jr. teceu elogios aos poemas da autora no artigo A incansável procura (Revista Uniletras, 2004). Para Butturi Thereza Cristina é uma essencialista como poeta. Ou seja, um ser que não poderia existir sem ter a propriedade particular da essência neste caso da essência e da beleza da poesia. Alguém já disse que Sócrates não deixaria de ter a propriedade essencial de um ser humano, de um filósofo, mesmo que tivesse nascido em outra cidade que não Atenas.
A ausência é um tema muito presente em sua obra. Thereza Cristina Pusch procura no azul do mar encontrar as suas ausências. Sem dúvida se trata de uma metáfora densa e profunda. O crítico literário Gilberto Mendonça Teles escreve que a autora desenvolve: essa teoria da ausência como fundamento do real, não desse real empírico que assassina, mas desse que constitui a essência mesma da linguagem literária. Thereza Cristina Pusch expressa num poema:
Nem tudo que existe
existe realmente
a maioria das coisas
são apenas sombras
de outras coisas
que já foram
que ainda não são vistas
por um telescópio
só o presente é real
e nesse presente
quantas ilusões de ótica
Em outro poema Thereza Cristina Pusch deixa transparecer uma resposta a tão marcados enigmas da vida:
Os barcos na areia
são gigantes calados
e o que eles não dizem
está escrito nas velas
dobradas
Por fim, a autora com a publicação do livro Procura do Azulquem sabe queria apenas seguir os passos do grande mestre Carlos Drummond de Andrade que lançou em 1928 o poema Procura da Poesia no qual já dizia: Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Por isso, Thereza Cristina Pusch se constitui num marco do discurso poético nos Campos Gerais e, utilizando seus próprios versos, poder-se-ia dizer: À sombra de antigas cidades, nasceu uma flor….
O autor é cientista político e professor da UEPG