Fabio Anibal Goiris
A poetisa Amália Max, descendente de imigrantes do Volga, nasceu em Ponta Grossa em 1929 e fez emergir sua obra na condição de trova (integrou a obra poética Antologia de Trovadores no Paraná, publicado em 1984). Contudo, não haveria diferenças entre a trovadora e a poetisa visto que
ambas desenvolvem a mesma arte: despertar o sentido do belo.
É preciso especificar que a antiga trova era cantada pelo trovador ou vate e hoje é composta geralmente de um poema de quatro versos. Amália Max ganhou centenas de prêmios em concursos de trovas chamados de Jogos florais. A expressão floral provém da Antiguidade Clássica onde as competições literárias eram feitas em homenagem à deusa Flora: os vencedores ganhavam pedras preciosas com formato de flores.
A obra de Amália Max é permeada pela saudade, um dos temas mais presentes em suas trovas. Assim, sob o impacto do realismo, mas, com elementos marcantes do romantismo a autora descreveu em verso a beleza do arco-íris:
O arco-íris tão bonito
e de tão finos arranjos
é só o varal do infinito
secando a roupa dos anjos!
Em outro poema Amália Max mostra todo seu talento para descrever o seu tema favorito, a saudade:
Meus olhos azuis se embaçam,
acabando por chorar,
quando meus braços se abraçam
por não ter quem abraçar.
Outro autor de expressão é Gabriel de Paula Machado. Farmacêutico, músico e poeta nasceu em Ponta Grossa em 1924. O músico e maestro atuou por 18 anos como regente do Coral da Uepg e fez mais de 500 apresentações em vários Estados. Ainda adolescente começou a escrever poemas, crônicas e contos publicados em dois livros: Num Álbum (1984) e Crônicas e Poesias (1999). Gabriel de Paula Machado escreveu sobretudo poemas de cunho intimista como pode notar-se em Poesias tardas:
Ao tempo que eu estava lá
eu não via o que olhava
tão perto, tão junto…
agora que estou longe, eu vejo
o que precisava de espaço e tempo
para ser olhado!
O autor é cientista político e professor da UEPG