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A indústria UEPG

João Carlos Gomes

A presença da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) como fator de desenvolvimento da região dos Campos Gerais, talvez, ainda não tenha sido devidamente dimensionada. Isto por estar integrada ao cotidiano dos ponta-grossenses e da comunidade regional, num processo contínuo de transformação, muitas vezes, imperceptível do ponto de vista local. Para se construir essa imagem, precisamos voltar ao passado. Há pouco mais de 40 anos, quando a UEPG foi criada pelo então governador Paulo Cruz Pimentel, juntamente com as universidades de Londrina e Maringá, ato que se constitui, historicamente, num dos maiores legados de um governante à população paranaense.

Imaginar como seria o interior do Paraná, e no nosso caso, os Campos Gerais, sem a presença marcante das universidades é um exercício que todos deveriam fazer, para perceber o papel dessas instituições na integração e no desenvolvimento social, cultural, educacional, econômico e técnico-científico do Estado. Como formadoras de mão de obra capacitada e especializada, geradoras e difusoras de conhecimento, elas se constituem em fator de atração de investimentos, de geração de empregos e melhoria na qualidade de vida da população. Trata-se de um ciclo contínuo, do ingresso na vida universitária à formatura dos profissionais colocados no mercado de trabalho. Processo consolidado pela capacitação docente, o investimento na pesquisa, o impulso à extensão, e agora, também, pela política de internacionalização, que insere as instituições brasileiras no contexto do ensino superior mundial.

Nossas universidades, públicas e gratuitas, despontam atualmente entre as principais instituições de ensino superior do país. O orçamento desse sistema, que hoje congrega sete instituições, saltou de R$ 529 milhões, em 2002, para R$ 1,5 bilhão, em 2010. É investimento que se traduz em excelência. A UEPG, especificamente, tem 100% dos seus cursos avaliados com conceitos ‘bom’ e ‘muito bom’, pelo sistema de avaliação do Ministério da Educação. O curso de Agronomia, por exemplo, é o único do país com conceito ‘5’ (nota máxima) em todos os quesitos de avaliação, condição que reflete, sem dúvida, a própria pujança do setor agropecuário dos Campos Gerais. Tanto que o curso de Agronomia da UEPG é o primeiro (e até pouco tempo o único) do país a contar com a disciplina de Plantio Direto, sistema de manejo e conservação do solo conhecido mundialmente e cujo berço é a nossa região.

Em termos econômicos, basta dizer que a UEPG conta com um orçamento anual de R$ 150 milhões e movimenta diretamente um contingente de 15 mil pessoas (estudantes, professores e agentes administrativos). Na educação, com 38 cursos de graduação presencial e a distância, está presente em 38 municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. No campo social e cultural, as atividades extensionistas atingem mais de 200 mil pessoas. São números superiores aos apresentados pela maioria dos municípios paranaenses, recursos e ações que fazem girar a economia local e regional, como uma grande indústria. Esse é o ponto a que pretendíamos chegar. Que município, ou região, poderia hoje prescindir de um investimento desse porte, de uma indústria que gera renda e emprego, preserva a história, conserva o meio ambiente, busca e difunde o conhecimento científico e tecnológico e, principalmente, transforma a realidade das pessoas? A UEPG é essa indústria, a da educação.

O autor é reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, vice-presidente da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais 

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