em

À PROCURA DA MEMÓRIA FERROVIÁRIA

O relógio do frontão da estação volta a marcar o tempo!

Carlos Mendes Fontes Neto*

Marco no desenvolvimento da cidade, a ferrovia surgiu no esteio da revolução de 1893 sendo protagonista da nossa história antes da inauguração da linha que chegava de Curitiba, sendo utilizada pelas forças revolucionárias.

Foi oficialmente inaugurada em 1894, com a abertura da Estação Paraná na Rua Benjamin Constant, ligando Curitiba à Ponta Grossa. Em 1898 começou a construção da estação que seria conhecida como Saudade, com o nome de Roxo de Rodrigues, a qual foi inaugurada na virada do século e ampliada já em 1908. Em estilo neoclássico e detalhes art noveau foi considerada uma estação de primeira classe e recebeu o reconhecimento de sua importância como Patrimônio Cultural do Paraná no ano de 1990. Foi símbolo do maior entroncamento ferroviário do sul do país, cuja importância se efetivou com a ligação São Paulo-Rio Grande do Sul, e que teve seu auge no período de 1943-1954 com o trem internacional (Itararé- Uruguai).

Palco de acontecimentos históricos, ao mesmo tempo em que representava o principal meio de transporte de passageiros de boa parte do século XX, registrou a passagem de várias personalidades. Em sua plataforma pisaram, por exemplo, o Presidente Afonso Pena (1909), Santos Dumont (1916), Getúlio Vargas (1930 e 1943) e Monteiro Lobato (1938).

Depois de anos abandonada, agora ressurge na vida da cidade como Unidade Cultural do Sesc, após primorosa restauração que devolve sua imponente beleza original. A proposta, além de um centro cultural, café e restaurante-escola, se destaca pela iniciativa proposta pelo Sistema Fecomercio Sesc Senac do Paraná pela abertura de uma sala-museu, com o intuito de devolver a memória das ferrovias que cruzaram a região.

Como anteriormente o patrimônio ferroviário foi ignorado, a tarefa agora é coletar elementos, fotografias, objetos e tudo que remeta à ferrovia. E recuperar a memória dos que construíram esse patrimônio e que durante décadas o operaram. Nomes como o do alemão Roberto Heling, primeiro chefe de tráfego, Egydio Pilloto, José Cunha, Ewaldo Kruger, Germano Kruger e outros.

Nós, do Sherlock Homes Cultura, estamos iniciando a campanha para que todos que tenham algo ligado a essa página histórica contribuam para recompor o acervo perdido. Precisamos valorizar e destacar essa iniciativa.

*engenheiro civil e pesquisador do espaço urbano.

** as fotos que ilustram o artigo são do acervo particular do autor.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.