Terceira parte: A PRAÇA, AMANHÃ.
Carlos Mendes Fontes Neto*
Um elemento preponderante na paisagem urbana. Ambiente agregador de indivíduos dentro de uma linha de tempo. Local de descanso, reunião, contemplação ou de apenas passagem, mas que integra de maneira agradável o ¨viver¨ na cidade. A história da cidade é construída nela, ali sempre se reunia a comunidade, era onde aconteciam as comemorações cívicas e religiosas.
A cidade pode ser reavaliada através dos espaços existentes, principalmente o das praças, conforme propõe o arquiteto e historiador austríaco Sitte (1843-1903).
E é urgente, além de uma revitalização da praça, uma proteção aos elementos que ainda mantem a sua identidade principalmente no sentido que intervenções desastrosas, mesmo com boa intenção, comprometem ainda mais suas características e seu papel histórico.
Para a praça de amanhã resumimos um diagnóstico composto de dez aspectos, sobre a situação da praça, e destacamos elementos que podem ser avaliados e trabalhados no sentido de devolver ao espaço sua significância:
1. Acessibilidade: o tráfego de veículos no seu entorno não é de convergência e sim de passagem, prejudicado pelo fechamento da rua que separava a praça da catedral. A movimentação pedonal é predominante, com deficiências de faixas de pedestres para orientação e segurança.
2. Marcos visuais: a praça tem no seu entorno algumas edificações marcantes na história da cidade, tais como o prédio do Museu Campos Gerais e da Proex, além de outras construções como o Quartel General, Clube Pontagrossense e a moderna catedral. São pontos que concorrem para atrair moradores e turistas.
3. Mobiliário: bancos precisando muito de manutenção e melhor distribuição; lixeiras suficientes e em razoável estado (ponto negativo é a lixeira particular instalada em um canto da praça com lixo doméstico esparramado). Atenção com a preservação do marco geodésico do antigo 2º. DL ainda existente dentro da praça.
4. Iluminação: adequada em estilo e intensidade, mas que poderia ser valorizada com iluminação dirigida aos monumentos existentes (instalada discretamente para não poluir visualmente).
5. Piso: adequado com alguns danos pontuais devido ao tráfego irregular de veículos do poder público; traçado dos caminhos bom e com circulação racional.
6. Obras de Arte: Monumento ao Centenário da Fundação de Ponta Grossa e o Monumento ao Sesquicentenário da Fundação de Ponta Grossa. Ambos merecem uma recuperação e limpeza, sendo que o segundo se encontra parcialmente descaracterizado pela supressão do espelho d’água, a fim de recuperar as características originalmente propostas. Existe ainda um monumento dedicado à bíblia, de menor importância.
7. Paisagismo: passada a época de Jacob Schell, as praças , assim como a cidade, perdeu a elaboração do ajardinamento. É um item que deve ser desenvolvido por profissional habilitado.
8. Áreas sombreadas: até dezembro de 2013 a praça era uma das áreas mais bem arborizadas do centro, porém, graças ao corte indiscriminado de várias espécies ficou bastante prejudicada. Precisam ser prevenidas novas intervenções dessa natureza, sem justificativa real.
9. Conforto ambiental: apesar de tudo, no futuro, se apresenta como lugar convidativo, agradável e tranquilo na paisagem árida da região.
10. Estado de conservação: investir em conservação é a proposta para o futuro da praça, pois é garantia de manter esse espaço com qualidade e perpetuar sua significância na história da cidade.
É preciso devolver a praça às pessoas!
*Engenheiro Civil, Mestrando em Planeamento Projecto Urbano na Universidade do Porto, Portugal, Presidente da Associação Germânica dos Campos Gerais e membro do Centro Cultural Prof. Faris Michaele.