Romero Jucá pediu licença após gravações mostrarem ele falar em ‘pacto’ para parar investigações da Lava Jato
O governo do presidente interino Michel Temer resistiu a onze dias até encontrar a sua primeira grande crise. Na segunda-feira, no mesmo dia em que a nova meta fiscal foi entregue ao Congresso, Romero Jucá informou que irá se licenciar do Ministério do Planejamento até que o Ministério Público Federal esclareça condições de sua fala gravada. Na segunda-feira o jornal Folha de São Paulo divulgou uma gravação entre Jucá e o senador licenciado Sérgio Machado, onde o ministro afastado sugere um pacto para tirar a presidência da República de Dilma Rousseff e assim deter as investigações da Força Tarefa Lava Jato.
Na conversa, em um determinado momento Jucá afirma que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional com o Supremo, com tudo. Machado diz, em uma parte da conversa: aí parava tudo. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público com toda a tranquilidade, porque estou consciente que não cometi nenhuma irregularidade e muito menos qualquer ato contra a apuração da Lava Jato, apoiei a Lava Jato, disse em entrevista no Congresso Nacional, após o presidente interino Michel Temer entregar a proposta de meta fiscal revisada. Enquanto o MP não se manifestar, aguardo fora do ministério. Depois disso, caberá ao presidente Temer me reconvidar ou não, ele vai discutir o que vai fazer, afirmou. A partir de agora, o Ministério do Planejamento ficará sob comando do secretário-executivo Dyogo de Oliveira.
Meta fiscal
Minutos antes de Jucá se desligar do Ministério, Temer foi ao Congresso Nacional para entregar o projeto de lei que altera a meta fiscal e foi recebido com vaias e gritos de golpista, saindo sem falar com a imprensa.
Temer estava acompanhado dos ministros Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo; e Eliseu Padilha, da Casa Civil. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou logo em seguida. Jucá, também participou da reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A meta fiscal entregue pessoalmente por Michel Temer a Renan Calheiros precisa ser votada pelo Congresso até 30 de maio para entrar em vigor no lugar da atual meta, que consta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de superavit de R$ 24 bilhões nas contas primárias do governo federal. O novo deficit calculado pela equipe de Henrique Meirelles substituirá o enviado pela presidente afastada Dilma Rousseff, de R$ 96,6 bilhões, constante do PLN 1/16. O aumento é de 76,3%.